Insatisfeitos com a decisão do Senado sobre o impeachment de Dilma Rousseff (PT), um grupo de manifestantes promoveu, no fim da manhã de ontem, na Praça Nove de Julho, em Presidente Prudente, um ato de protesto contra a posse de Michel Temer (PMDB) como presidente da República. Membro do Movimento Popular da Juventude, responsável pela organização do evento, a professora Franciele Valadão, 27 anos, classifica o resultado do processo como um "golpe de Estado" e um "atentado contra a democracia". "Enquanto classe trabalhadora, não vamos aceitar. Nesses 100 dias como presidente interino, Temer já anunciou diversos cortes que desrespeitam os direitos dos trabalhadores, LGBTs e mulheres", expõe.
Em protesto na Praça Nove de Julho, participantes classificam impeachment como "golpe"
A assistente social Simone Duran Martinez, 50 anos, também não concorda com a votação que definiu o impeachment de Dilma. Para ela, "qualquer cidadão que se simpatize com a democracia deveria estar na praça" ontem. "Se você olhar para o lado, vai ver que os transeuntes nos olham com ódio, porque foi colocado na cabeça deles que os esquerdistas defendem um governo criminoso. A verdade é que nunca houve argumento legal para o impeachment e a Dilma demonstrou isso tecnicamente em sua defesa, no entanto, ninguém considerou, pois esse foi um golpe armado e sustentado até mesmo pela Justiça", afirma.
Segundo Simone, caso o caminho escolhido fosse uma nova eleição, "a população jamais elegeria o governo Temer". "Eu trabalho com excluídos e, nesses últimos anos, foi possível sentir uma grande melhoria na qualidade de vida deles, devido aos programas sociais viabilizados por Lula e Dilma. Enquanto presidente interino, Temer já fez cortes no Bolsa Família, ProUni , Fies e não duvido que, daqui a algum tempo, voltemos a lidar com o problema da fome", enfatiza.
A psicóloga Rosana Fonseca, 50 anos, diz que a acusação sofrida por Dilma é "vazia". "Ficou claro que a -presidente não cometeu crime, tanto que ela manteve a elegibilidade. Portanto, qual a estratégia?", questiona. Para Rosana, a alternativa agora seria uma nova eleição. "O governo Temer não me convence", frisa. A estudante Amanda Naomy, 25 anos, também é contra o novo governo. "O ‘cara’ nem entrou direito e já tirou vários direitos trabalhistas. Eu realmente já esperava esse resultado, mas não deixou de ser uma decepção. O que resta agora é tentar manter a esperança", pontua.
Durante o manifesto, os participantes conversaram com a população e entoaram paródias contra Temer e a favor da reforma política. Entre os dizeres, estavam "Fora Temer!" e "Constituinte já!". Franciele conta que o grupo "não dará sossego" e continuará promovendo manifestos no município. O próximo encontro, nomeado "Mulheres com Dilma", está previsto para domingo, durante o horário do almoço, no Parque do Povo.