Manifestos em estradas da região de PP seguem mesmo após acordo

Polícia Militar Rodoviária registrou a manutenção de protestos pelo quinto dia em 14 cidades da 10ª Região Administrativa, que, juntas, somaram a adesão de 836 veículos parados

José Reis - Protestos em Presidente Prudente foram mantidos pelos caminhoneiros ontem às margens da Rodovia Raposo Tavares
José Reis - Protestos em Presidente Prudente foram mantidos pelos caminhoneiros ontem às margens da Rodovia Raposo Tavares

Mesmo com o anúncio de um acordo entre o governo brasileiro e representantes dos caminhoneiros, a Polícia Militar Rodoviária não registrou desmobilização de protestos em cidades da 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo. Muito pelo contrário, uma vez que o número de municípios participantes subiu de 13 para 14. Conforme balanço divulgado na manhã de ontem, os atos foram verificados em Adamantina, Alfredo Marcondes, Dracena, Iepê, Indiana (novidade), Inúbia Paulista, Osvaldo Cruz, Ouro Verde, Presidente Prudente, Prudente Venceslau, Rancharia, Taciba, Teodoro Sampaio e Tupi Paulista, que, juntas, somaram 836 veículos parados. E em meio à deliberação do presidente Michel Temer (MDB), que acionou ontem as forças armadas federais para desbloquear as estradas, o advogado prudentino, Enio da Silva Mariano, já entrou com um pedido de habeas-corpus preventivo coletivo, em favor dos manifestantes, a fim de que permaneçam em protesto, como previsto na Constituição. Até o fechamento da edição, não havia decisão da Justiça.

Na maior cidade da região, onde as manifestações se concentram no perímetro urbano da Rodovia Raposo Tavares (SP-270) e Avenida Joaquim Constantino, eram 240 caminhões estacionados na lateral das vias, segundo a polícia. No local, participantes negavam ser representados pelos caminhoneiros que fecharam acordo com o governo e reforçavam a continuidade da greve por tempo indeterminado.

O empresário do ramo de transporte, José Roberto de Oliveira Sousa, diz que tal acordo não procede e se trata de mais uma manobra para enganar a população. “O que foi inútil, uma vez que a população tem acompanhado as redes sociais e nos apoiado”, expõe. Ele destaca ainda o suporte dado pelos produtores rurais e outros motoristas, bem como das vans escolares, que realizaram, na manhã de ontem, uma carreata em prol da causa. Para José Roberto, o governo tem de fazer o melhor pela população, considerando que os atuais preços dos combustíveis afetam não só a categoria, como toda a sociedade.

O motorista Valter Paes Dourado, 43 anos, já participa do manifesto desde terça-feira e tem observado os impactos da paralisação em todos os segmentos, principalmente nas centrais de abastecimento e postos de combustíveis. “É nosso dever reivindicar um preço mais justo para o diesel com o propósito de melhorar o transporte”, avalia.

Já o caminhoneiro Luiz Antônio Francisco, 58 anos, pontua que, se os resultados esperados não forem alcançados, será obrigado a vender seu caminhão. “Trabalho como autônomo e estou sem condições de manter o serviço por causa do valor dos pedágios e do diesel, que não acompanha o frete”, relata o trabalhador, que defende a continuidade do manifesto. “Ainda que tenham anunciado um acordo, não concordamos com isso e vamos continuar, sempre com o apoio da população, que nos tem feito doações diárias”, completa.

 

O acordo

O referido acordo entre caminhoneiros e governo foi anunciado na noite de quinta-feira e suspende os protestos por 15 dias, quando as partes voltam a se reunir. Conforme a Agência Brasil, ficou decidido que o preço do diesel será reduzido em 10% nas refinarias e ficará fixo por 30 dias, sendo que o valor de referência será de R$ 2,10 nas refinarias. Na primeira quinzena, os custos com a queda serão assumidos pela Petrobras. Já nos 15 dias seguintes, ficam por conta da União. Segundo o portal de notícias, o acordo ainda prevê o fim da alíquota da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre o diesel.

 

Carreata

E com a chegada do quinto dia de manifestos, novas ações também foram realizadas. Dentre elas, por volta das 17h, uma carreata foi iniciada na Avenida Alberto Bonfiglioli, passando às margens da SP-270, próximo ao Auto Posto Jabur (onde há maior concentração de caminhoneiros), e seguindo em direção ao centro da cidade. Carros, caminhões, vans e demais tipos de veículos foram em sentido às avenidas Manoel Goulart e Brasil, como uma nova forma de protesto.

Em meio às buzinas, gritos de justiça e bandeiras do Brasil, eles seguiram em carreata. À frente da organização, o caminhoneiro Adilson Costa Gama, reafirma que a atitude vem ao encontro do descontentamento do anúncio do governo, na noite de ontem, dizendo que um suposto acordo teria se firmado entre as partes. Para ele, que é morador de Presidente Prudente, toda ação é bem-vinda, no sentido de mostrar que os preços dos combustíveis precisam cair e o Brasil mudar.

“A gente que lida diariamente com os gastos, fazendo viagens por todo o país, sabe os valores que são praticados pelo Brasil a fora. A maior parte dos meus ganhos é destinada à manutenção do meu caminhão e gastos com combustível. O pouco que me sobra eu preciso me virar para sustentar minha família”, finaliza Adilson.

 

Trechos com registros de protesto

Local

Km

Município

Sentido

Interdição da via

Quantidade de veículos

SP-270

570+700

Presidente Prudente

Ambos

Não há

250

SP-284

521+500

Rancharia

Ambos

Não há

72

SP-483

9

Taciba

Ambos

Não há

37

SP-501

31+500

Alfredo Marcondes

Ambos

Não há

21

SP-421

118

Iepê

Ambos

Não há

26

SP-270

620

Presidente Venceslau

Ambos

Não há

90

SP-563

0

Teodoro Sampaio

Ambos

Não há

30

SP-294

574

Osvaldo Cruz

Ambos

Não há

150

SP-294

658

Tupi Paulista

Ambos

Não há

36

SP-294

596+600

Adamantina

Ambos

Não há

10

SP-294

 646+300

Dracena

Ambos

Não há

35

SP-578/294

1+400

Inúbia Paulista

Ambos

Não há

10

SP-127/563

5

Ouro Verde

Ambos

Não há

9

SP-425

438+300

Indiana

Ambos

Não há

60

Total

836

* Informações disponibilizadas às 9h45

Fonte: Polícia Militar Rodoviária

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