Nascido em Presidente Prudente, filho do médico psiquiatra Sinval de Souza Cruz e de dona Norma, o oncologista clínico Marcelo Cruz construiu uma carreira marcada por dedicação, pesquisa e inovação no tratamento de tumores sólidos. Formado pela Unicamp e com especializações no Brasil e nos Estados Unidos, o médico integra o corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês e mantém atendimentos regulares no Incop (Instituto do Câncer Oeste Paulista) em Presidente Prudente. Nesta entrevista, ele fala sobre a escolha da profissão, experiências internacionais e os avanços que têm transformado o tratamento do câncer.
Como surgiu o seu interesse pela Medicina e, mais especificamente, pela oncologia clínica?
Eu acho que a gente sempre tem alguns espelhos na vida. Tendo um pai médico e convivendo com familiares e amigos da área, naturalmente me aproximei da medicina. A oncologia veio um pouco por acaso. Durante a faculdade na Unicamp, no terceiro ano, fiz uma pesquisa não sobre câncer em si, mas sobre como o paciente enxergava a doença. Era início da psico-oncologia no Brasil. O contato com esses pacientes me apaixonou pelos desafios da área, e desde então fui me preparando para ser oncologista.
O senhor atuou em instituições renomadas como o A.C. Camargo Câncer Center e a Beneficência Portuguesa. Quais foram os principais aprendizados?
A gente cresce muito quando sai da zona de conforto. Saí de Prudente aos 17 anos para estudar e, depois, para me especializar em centros de excelência como Einstein, A.C. Camargo, BP e Sírio. Cada um tem sua riqueza, e isso moldou minha forma de pensar, pesquisar e tratar pacientes. Aprendi a manter a curiosidade pelo novo e a buscar sempre o tratamento mais individualizado.
RAÍZES PRUDENTINAS
E FORMAÇÃO SÓLIDA
Hoje, no seu atendimento, o senhor foca no tratamento de tumores sólidos. Quais os principais avanços dessa área nos últimos anos?
Os avanços têm sido enormes. A imunoterapia, que ensina o corpo a combater o câncer com o próprio sistema imunológico, passou de apenas dois tipos de tumores há dez anos para mais de trinta atualmente. A genômica também evoluiu muito: identificar mutações e direcionar terapias específicas está mais rápido e acessível. Isso nos permite transformar cânceres metastáticos, antes considerados incuráveis, em doenças crônicas controláveis, com qualidade de vida para o paciente.
AVANÇOS NA ONCOLOGIA
E MEDICINA PERSONALIZADA
E como a medicina de precisão tem mudado o tratamento de câncer de mama e pulmão?
No câncer de mama, já temos testes genômicos e biópsia líquida — um simples exame de sangue capaz de identificar mutações. No câncer de pulmão, a identificação dessas alterações genéticas também direciona o uso de terapias-alvo com excelentes resultados. Isso é a essência da medicina personalizada: tratar cada paciente conforme as características únicas do seu tumor.
O senhor nasceu e estudou em Prudente. Como mantém a ligação com a cidade?
Nasci em 1975, estudei no Cristo Rei e no Anglo. Me formei pela Unicamp e segui para pós-graduações, inclusive nos EUA, onde fiz mestrado na Northwestern University, em Chicago. Hoje integro o corpo clínico do Sírio-Libanês e atendo em São Paulo e no Incop (Instituto do Câncer Oeste Paulista) em Presidente Prudente, onde venho com frequência e também realizo teleconsultas. É muito gratificante poder oferecer aqui o mesmo nível de atendimento disponível nos grandes centros.