Medalhistas relatam dificuldades para subir no pódio em Atenas

Esportes - Jefferson Martins

Data 17/01/2016
Horário 05:46
 

Treinar em uma pista sem nenhuma condição, com placas de borrachas soltas e correndo o risco de uma lesão. Puxar pneu, empurrar carro na lama. Correr no meio de um circo com apenas 100 metros para desenvolver os trabalhos. Estas foram algumas das dificuldades do quarteto formado por Claudinei Quirino, André Domingos, Vicente Lenílson e Edson Luciano, além do reserva Cláudio de Souza, que levaram a medalha de prata nos Jogos Olímpicos em Sidney, durante a preparação para o evento. Tudo sob a batuta do técnico Jayme Netto Júnior.

"Ele fez quatro garotos se transformar em atletas e nas condições que a gente não tinha. E ele pensou em uma forma de tentar poupar a gente aplicando novos tipos de treinamentos. Sofremos para caramba, ele tem méritos de 100%. Soube conduzir de uma forma que a gente fosse unido e tivesse muita garra", fala André Domingos. Já Claudinei Quirino pontua que a maior contribuição do comandante foi de ter transformado adversários em companheiros. "Ele soube pegar todo mundo, tirar a vaidade de lado e mostrar que juntos seríamos mais fortes. Nós fomos as máquinas e ele o cérebro", lembra.

Para Quirino esta foi a maior conquista da sua vida. "Marcou para nós quatro. Todo mundo quer chegar lá e meu sonho não era diferente. Eu sou muito feliz com essa medalha de prata. Foi um momento muito marcante e eu não vou esquecer jamais", fala. Já André sabe do peso da medalha olímpica, porém lembra com carinho de uma vitória com valor mais sentimental. "Tenho várias, a de bronze em 96 , mas a mais especial foi a primeira, que foi onde tudo começou  e me deu força para acreditar que haveria um futuro. Acho que se eu não tivesse sido atleta, não estaria nem vivo ou teria caído em um caminho errado", fala.

 

A reforma

Depois da conquista, enfim a pista de atletismo da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) passou por uma reforma, e foi reinaugurada em 2002, com um evento organizado pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo).

 

Bandeira de Prudente

Depois de 37s90, atravessar a linha de chegada, um abraço nos companheiros e Quirino corre em direção das arquibancadas. Para ele era hora de pagar uma dívida de gratidão. Colocar no peito a bandeira de Prudente e recompensar a cidade que o acolheu, vindo de Lençóis Paulista. "A gente estava em uma coletiva antes de viajar para Sidney e um repórter perguntou o que eu faria por Prudente. Eu disse que carregaria a bandeira de Prudente e eu fiz isso, mas a ideia foi do Caio Vasques, que era um repórter que está em Foz do Iguaçu . Foi um momento marcante e eu fiquei honrado", revela.

E para Caio, ter feito parte desta história é motivo de muito orgulho. "Eu consegui uma bandeira novinha. Quando vi o Nei correr para o banco, tive a certeza que ele iria pegar ela. Fiquei muito emocionado no momento, o mérito é todo deles. Tive uma pequena participação naquele momento que ficou marcado para sempre na história do esporte brasileiro", diz o repórter que hoje atua na Rede Globo de Foz do Iguaçu, mas que na época era repórter de O Imparcial.
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