O médico endocrinologista Rodrigo Bastos, de Presidente Prudente, aprova a proibição do CFM (Conselho Federal de Medicina) para prescrição médica de anabolizantes para fins estéticos e ganho de massa muscular. Em regulamentação divulgada nesta terça-feira, o conselho entende que não existe comprovação científica que garanta segurança ao paciente.
Para o especialista, a classe médica precisava, há algum tempo, de um posicionamento oficial da instituição que fiscaliza e regula a prática da medicina no Brasil proibindo o uso de hormônios para fins estéticos e esportivos. “Os pacientes ficavam com dúvidas já que alguns profissionais diziam que desde que o uso fosse feito com acompanhamento médico era seguro, o que não é verdade”, pontua Bastos.
No entanto, o especialista crê que, na prática, não haverá riscos para o profissional que prescrever anabolizantes a seus pacientes. “Não sei informar o teor legal desta informação. Porém, creio que para o médico que prescreve [anabolizantes] vai continuar acontecendo nada. Até porque para que isso seja apurado ou levado adiante precisaria ocorrer uma denúncia, que não pode ser anônima. Acho que é uma coisa um pouco difícil”, relata o médico. Segundo ele, algumas sociedades médicas atuam no sentido de serem comunicadas quando há alguma suspeita de má conduta e entram com um pedido de investigação no CFM para não expor o profissional.
O médico alerta que o uso de anabolizantes provoca aumento da pressão arterial, do colesterol ruim, do risco de infarto do miocárdio, derrame cerebral, morte súbita, entre outros problemas graves de saúde. O Conselho complementa que dentre os inúmeros efeitos adversos possíveis estão os aterosclerose, estado de hipercoagulabilidade, aumento da trombogênese e vasoespasmo, doenças hepáticas como hepatite medicamentosa, insuficiência hepática aguda e carcinoma hepatocelular, transtornos mentais e de comportamento, incluindo depressão e dependência, além de distúrbios endócrinos como infertilidade, disfunção erétil e diminuição de libido.
Em nota, o CFM chama a atenção para os riscos potenciais do uso de doses inadequadas de hormônios e a possibilidade de efeitos colaterais danosos ainda que com o uso de doses terapêuticas, especialmente em casos de deficiência hormonal não diagnosticada apropriadamente, seguindo diretrizes e recomendações em vigor.