Médico Luiz Euribel fala sobre causas, sintomas, transmissão e tratamento da hanseníase 

Saúde & Bem Estar - CAIO GERVAZONI

Data 19/01/2024
Horário 06:25
Foto: Arquivo
“A hanseníase é uma doença negligenciada”, pontua o infectologista Luiz Euribel Prestes Carneiro 
“A hanseníase é uma doença negligenciada”, pontua o infectologista Luiz Euribel Prestes Carneiro 

Para trazer mais informações sobre as causas, sintomas, transmissão e tratamento da hanseníase, a reportagem de O Imparcial conversou com o médico infectologista, doutor em Imunologia e professor pesquisador da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), no curso de Medicina e em programas de mestrados e doutorado, Luiz Euribel Prestes Carneiro.
O médico infectologista explica que a hanseníase é uma doença infeciosa crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que pode afetar qualquer pessoa, porém, que tem maior incidência em países tropicais e em desenvolvimento e nas populações de baixa renda. 

“A hanseníase é uma doença negligenciada, isto é, causada por agentes infecciosos ou parasitas e considerada endêmica em populações de baixa renda, com poucos investimentos públicos em pesquisa e produção de novos medicamentos ou em vacinas que possibilitem seu controle. Além disso, o Brasil é o segundo país do mundo com mais casos de hanseníase — só fica atrás da Índia”.

De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) referentes ao ano de 2021, a Índia é o país que mais reportou casos novos em 2021, cerca de 53,6% do total global. Na região das Américas, houve 19.826 (14,1%) casos notificados; desses, 18.318 (92,4%) ocorreram no Brasil. Nesse contexto, o Brasil ocupa o segundo lugar entre os países com maior número de casos no mundo, seguido da Indonésia. 

A OMS indica que Índia, Brasil e Indonésia são os países que mais reportaram casos novos, correspondendo a 74,5% do total global.

Com base nos dados preliminares do Painel de Monitoramento de Indicadores da Hanseníase, divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde, o Brasil identificou pelo menos 19.219 novos casos da doença durante o período de janeiro a novembro de 2023.  Apesar de se tratarem de dados preliminares, o resultado revela um aumento de 5% em relação ao número total de notificações registradas no mesmo intervalo de 2022. 

Característica clínica

Euribel relata que a principal característica clínica da doença é a diminuição ou perda da sensibilidade ao calor, à dor, ao tato e também a diminuição de força muscular, principalmente em mãos, braços, pés e pernas. “Em certos casos pode gerar incapacidades para o resto da vida”.

Segundo o médico infectologista, os sinais e sintomas mais frequentes da hanseníase são manchas brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas em regiões da pele com alteração da sensibilidade térmica ao calor, frio, dor e tato.

Tratamento da doença

De acordo com o relato do especialista, o tratamento da hanseníase envolve a associação de três antimicrobianos: rifampicina, dapsona e clofazimina. “Essa associação é denominada PQT-U [Poliquimioterapia Única] e está disponível gratuitamente pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. Essa associação diminui a resistência medicamentosa do bacilo, que ocorre com frequência quando se utiliza apenas um medicamento, o que acaba impossibilitando a cura da doença”, explica o especialista. 

Segundo ele, a duração do tratamento varia de acordo com a forma clínica da doença. “Para pacientes com hanseníase paucibacilar [PB], a duração é de seis meses e para pacientes com hanseníase multibacilar a duração é de 12 meses”.

Hanseníase é transmissível?

Sim, a hanseníase é uma doença transmissível. Luiz Euribel explica que o bacilo causador da enfermidade é transmitido por meio de gotículas de saliva eliminadas quando falamos, tossimos ou espirramos, em contatos próximos e frequentes com doentes que ainda não iniciaram tratamento e estão em fases adiantadas da doença. “Por isso todas as pessoas que convivem ou conviveram com o doente devem ser examinadas”, orienta o médico.  

Consequências da hanseníase

O infectologista relata que se a hanseníase não for tratada pode causar lesões severas e irreversíveis incapacitando o indivíduo ao trabalho e mesmo em ações diárias. “O tratamento cura a doença, interrompe sua transmissão e previne incapacidades físicas. Quanto mais cedo for iniciado, menores são as chances de agravamento da doença”.

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