Estava aqui olhando para a Neném, uma doguizinha Salsicha, dormindo bem sossegada ao meu lado, enrolada em uma cobertinha quentinha. Além de alimento e água, claro, ela está segura, não tem medo algum porque está ao meu lado. Eu posso sentir isso e assim deixei fluir outros sentimentos.
Passei a minha vida quase que toda, até agora, com a presença constante de cachorros ao meu lado. Na infância e na adolescência, tive a Xuly e a Simony. Sim, Simony porque era uma homenagem à cantora do Balão Mágico. Por algum motivo, o narizinho empinado da dog da raça Pinscher era igualzinho à garota.
A Xuly era vira-lata, de cor caramelo claro, bem típico do Brasil. Tinha “Y” no nome por razões óbvias. Chique.
As duas me alegravam diariamente. A Xuly, inclusive, ia comigo até a escola e assistia aulas sentada embaixo da minha cadeira, em uma época que as escolas estaduais não eram estas prisões que são hoje. Quando meu pai passava na sala – ele dava aula de Geografia, ela o seguia e eu perdia a companheira momentaneamente.
Chuly e Simoni viveram muito tempo e depois que eu fui estudar fora da cidade dos meus pais, elas se tornaram praticamente deles e eu era só uma pessoa que voltava para casa de vez em quando. Vida que segue, mas elas já haviam me feito feliz o suficiente.
Mais tarde, já adulto e crescido, fui ter a Duda. Um pet para chamar de meu. Uma Poodle linda, mas que viveu pouco por conta de um problema crônico nos rins. Sofri muito em perdê-la, mas um dia tive a chance de adotar um pet. E assim que a Amora veio para casa. Ela seria jogada fora de um sítio e eu a abracei. Amora foi e é meu grande amor pet. Choro em pensar que hoje não posso estar com ela por força do destino que nos separou, mas um dia estaremos juntos de novo. Amora é da raça Caramelo Puro e desfila toda sua elegância com saberes inimagináveis, inclusive para se curar sozinha de suas doenças.
Junto com a Amora, veio o Bacon, um Fox Paulistinha que também vivi por ele. Bacon não era fácil. Como bom Fox era terrível de sapeca. Costumava dizer que se alguém quisesse destruir uma casa, eu poderia alugá-lo por hora. Mas era inteligente demais. Fora do normal e companheiro para tudo nesta vida. Ele me defendia. Hoje, também por força do destino, Bacon vive em uma fazenda e domina o espaço de tão esperto que é.
Fiz o que pude para que meus pets fossem felizes enquanto estive com todos eles. E eles sempre me mostraram que a vida é muito melhor porque o amor de um dog é algo fora do normal. Não é melhor ou pior, mas é diferente a ponto de nos fazer compreender este mundo tão insensato que vivemos.
A Neném é meu pet agora. Se bem que é assim: a Neném é filha das minhas enteadas e, portanto, elas são as mães dela. Minha esposa é sua avó e eu o tio. Sim, o tio. Não me pergunte a razão. Acho que foi porque quando conheci a Neném ainda não namorava a minha esposa de hoje e na época ganhei a função de tio e assim ficou. Mas ela é minha pet hoje e mais do que isso, minha vida também. Aliás, vou dormir um pouco ao lado dela. Seguro.