México: drama, poesia, heroismo

Esportes - Flávio Araujo

Data 25/09/2017
Horário 12:07

O México é um país que surpreende e muitos fatores se juntam para tanto. O mexicano pode ser um Cantinflas, ingênuo e inofensivo e daí a instantes um Pancho Villa, aterrador. Drama é o que ali não falta em contradita à beleza de suas canções. Escritores do mundo o elegem para viver. Perseguidos de todos os tipos ali vão se esconder. Gabriel Garcia Marques, o escritor, Trotski, o fugitivo de Stálin, o perseguido. Macondo está muito mais para México do que para a Colômbia, de Gabo, mesmo sendo esta também uma região convulsiva. Em qualquer lugar que se vá, o México trás lembranças das civilizações que o habitaram e que são muito anteriores a Hernan Cortés, o verdugo de Montezuma. Na encruzilhada do mundo México e Egito se encontram e tem ainda muito a contar. O museu de história natural do México muito descreve e muito esconde. Cada pedra de rua do velho México guarda um drama, um poema ou uma pintura. As lutas no país abrangem desde os atos heróicos para libertação até as derrotas humilhantes nas ocasiões em que teve seu território diminuído. Basta citar o nome de cidades norte-americanas da Califórnia, do Texas, entre outras, para saber quem as fundou. Um caudilho mexicano que presidiu o país duas vezes cunhou uma frase que eles sempre repetem: “Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos.” Isso aconteceu no século 19, mas Donald Trump não a está atualizando? A frase é de Porfírio Dias, lendário chefe de revoluções sangrentas. Mas poderia ser de Benito Juárez, Lázaro Cárdenas, de Pancho Vila ou até do atual Peña Nieto. O México é um país de heróis e sofredores. Incrivelmente felizes. Basta dizer que quando a terra tremeu na última terça-feira causando tanta comoção fazia 32 anos que o país sofrera com o fenômeno. 10 mil mexicanos morreram então. Lembremos que o México já sofrera outro abalo sísmico de proporções elevadas há 12 dias. No sismo de 1985 eles se preparavam para sediar uma Copa do Mundo. A de 1986. Brasil e Colômbia já tinham desistido quando o México assumiu a responsabilidade. Qualquer outro país tiraria o corpo fora e teria motivos mais do que justos para tanto. Mas, não o México. Com tudo o que sofreu remendou os estragos e fez a Copa. Aquela vencida pela Argentina e onde Maradona encantou o mundo. Pelé já o encantara em 1970. O palco desses encantamentos sofreu o efeito da última catástrofe. É possível que jamais tenhamos outro Pelé ou outro Maradona. Mas, se tivermos, tenho certeza que o México terá um estádio à altura para exibir seus feitos.

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