Milho e soja são apostas para safras de verão na 10ª RA

Quando considerados os 19 produtos analisados pelo IEA, região mantém estabilidade em sua área de produção agrícola, com 688.133 hectares

REGIÃO - ANDRÉ ESTEVES

Data 13/09/2018
Horário 04:02
Arquivo - Conforme especialistas, condições climáticas e de mercado favorecem cultivo da soja
Arquivo - Conforme especialistas, condições climáticas e de mercado favorecem cultivo da soja

As áreas voltadas para a produção agrícola se mantiveram estáveis na 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, revela o terceiro levantamento de estimativas para as safras de 2017/2018, referente a junho, realizado pela Secretaria Estadual de Agricultura e do Abastecimento, por meio do IEA (Instituto de Economia Agrícola) e Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica e Integral). Os dados mostram um salto de 688.016 hectares previstos no período anterior (abril) para 688.133 hectares nos territórios atendidos pelos três EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Rural) da região. Consultados, engenheiros agrônomos e sindicato apontam que as expectativas agora se concentram na proximidade do verão, cujas condições climáticas e de mercado favorecem a estabilidade da produção, sobretudo quando avaliadas as culturas de soja, milho e feijão.

No EDR de Prudente, os 19 produtos analisados pelo levantamento movimentam uma área de 380.168 hectares, sendo que os maiores aumentos ficam por conta do feijão de inverno, passando de 216 hectares para 270 hectares (25%); e milho irrigado (24%), crescendo de 805 para 995 hectares. É sólida a situação da soja, que preserva 58.460 hectares. Já o maior recuo de cobertura é respondido pelo café, caindo de 700 hectares para 548 hectares (-22%). O engenheiro agrônomo Perci Fregadolli explica que, no caso da atividade cafeeira, a tendência natural é que o número de lavouras diminua, uma vez que o clima e o solo da região já não privilegiam mais esse tipo de cultura. Por outro lado, os plantios de milho e feijão são promissores, sobretudo em uma época na qual se registram menos estiagens e mais precipitações.

Já no EDR de Venceslau, a área explorada gira em torno de 144.348 hectares. Nos municípios atendidos pelo escritório, o milho segue como uma cultura arraigada, sendo que o safrinha resulta na maior cobertura, com 5.322 hectares. A soja ascende em 7%, saindo de 7.292 hectares para 7.832 hectares. Embora o feijão da seca avance em 144% (de 336 hectares para 820 hectares), o de inverno apresenta um decréscimo de 86% (de 283 hectares para 39 hectares). Para o engenheiro agrônomo Jorge Luiz Machado, essa queda pode ser atribuída ao inverno seco deste ano. “Por conta disso, muitos produtores preferiram não plantar e a mercadoria perdeu área”, pondera.

Jorge acrescenta que, a partir de outubro, é iniciado o plantio de milho e soja, que ganham força em virtude do verão. “Este é um período do ano muito esperado, pois o campo é presenteado com melhores temperaturas, menos geadas e maior nível de precipitações. Se não houver nenhuma intempérie, teremos uma safra muito rentável”, argumenta.

Por fim, o EDR de Dracena acumula 162.617 hectares. Naquela parte, a soja também se mostra próspera, com uma evolução de 7% (passando de 732 hectares para 782 hectares). Já o feijão de inverno experimenta uma queda de 33%, caindo de 359 hectares para 240 hectares. A reportagem tentou ouvir o escritório, mas não foi possível em função da incompatibilidade de horário.

Mercado

O presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente e Região, Carlos Roberto Biancardi, reforça que as principais culturas das chamadas safras de verão serão a soja e o milho, que são puxadas por um período favorável de mercado. Apesar de ser mais interno, o milho é influenciado pela alta produção de farelo e rações, enquanto a soja, que se consolida como um produto de exportação, passou a ser beneficiada pelas altas do dólar e pelo conflito entre os Estados Unidos e China, que levou os chineses a buscar novos mercados, principalmente na América do Sul. No caso do feijão, o sindicalista acredita que a solidez desta cultura ocorre em função do intenso abastecimento interno, considerando que o produto faz parte da alimentação diária da população.

Biancardi pontua que as safras de verão começam agora, mas os resultados só poderão ser colhidos no ano que vem. Até lá, este é o período em que as expectativas se confirmam ou não. Sendo assim, salienta que só será possível constatar se houve aumento de área produzida durante as colheitas do início de 2019. “O que se sabe é que a safra passada foi muito boa para nossos produtos potenciais, como a soja e o milho, e isso representa um estímulo para o crescimento de áreas plantadas”, considera.

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