Dizem que o Mineirinho estava doido para molhar a goela com uma dose de cachaça. Ou várias doses, já que era um pinguço que exagerava na bebida e, de quebra, na comida. Vai daí que resolveu "tomar uma" no bar do Faustino, mas ele não tinha dinheiro.
Ao entrar no bar, lotado de cachaceiros, o Mineirinho perguntou pro Faustino: "Ocê pode me vender uma pinga fiado?" O dono do bar passou a mão na cabeça, cuspiu e falou: "Está vendo aquele sujeito alto e forte? É o seguinte: de tanto malhar o pescoço dele ficou menor. Quem chama ele de pescocinho leva uma baita surra", advertiu Faustino.
E prosseguiu o dono do bar, fazendo uma proposta indecorosa ao Mineirinho: "Se você tiver coragem de chamar ele de pescocinho, eu te vendo fiado por um ano". Mineirinho se animou apesar do risco que corria, ou seja, de levar uma surra homérica (homérica é bom, hein?).
Depois de aceitar a proposta, o Mineirinho, pisando macio, abordou o grandalhão, que bebia numa mesa instalada nos fundos do bar. Ele deu um tapinha nas costas do troncudo e, ato contínuo, falou baixinho, quase sussurrando: "Meu amigo, ocê tá bão?"
Surpreso, o sujeito disse: "Amigo? Eu não te conheço". Rápido no gatilho e perspicaz, o Mineirinho explicou: "Uai! A gente já não "pescô" junto?" Aí o brutamontes - ou brutamontanhas, sei lá - contou que eles nunca pescaram juntos. "O senhor deve estar enganado", ponderou, acrescentando: "Não, nunca pescamos juntos".
Pensando no fiado por um ano, como prometeu o dono do bar, o Mineirinho conseguiu se safar da encrenca. E, pausadamente, falou alto pro bar inteiro ouvir: "Pescô Sim. Ocê é que não se lembra".
DROPS
Os preços dos produtos de limpeza estão uma "sujeira". Mais altos do que poste de iluminação.
O colesterol é a vingança do boi.
Em casa de ferreiro o espeto é de bambu.
Estava mais por baixo do que o time do América Mineiro no Brasileirão.
