Mistura de cola e vidro moído, cerol é perigoso e oferece risco de morte

EDITORIAL -

Data 21/07/2017
Horário 11:28

Uma das grandes preocupações que afligem famílias inteiras é a obesidade. E, infelizmente, as crianças não estão de fora desta triste estatística. As consequências do sobrepeso vão muito além da estética. É uma questão de saúde pública. Desta forma, incentivar os pequenos a deixarem um pouco de lado os programas de televisão, os jogos eletrônicos e a internet é dever dos pais e responsáveis. Estamos nas férias de julho, momento propício para mostrar às crianças como podem ser divertidas as brincadeiras tradicionais, ao ar livre, movimentando o corpo e enchendo a memória de boas lembranças.

Sem dúvida, empinar pipa é diversão garantida! Brincadeira das mais democráticas, para começar a colorir o céu basta apenas poucos materiais e um vento generoso. Tanto que é só dar uma volta pela cidade, principalmente nos bairros mais distantes do centro, para se deparar com a criançada feliz da vida, com seus “papagaios” a flutuar na imensidão do infinito. No entanto, apesar de tanta simplicidade, é preciso tomar uma série de cuidados na hora de brincar: ficar longe da rede de tensão e jamais usar cerol são pontos cruciais para que a diversão não termine em tragédia.

Mistura de cola e vidro moído, o cerol é extremamente perigoso e pode matar. Embora no Estado de São Paulo, a Lei 12.192/2006 proíba o uso do cerol ou de qualquer produto semelhante que possa ser aplicado em linhas de papagaios ou pipas, infelizmente, ainda nos deparamos com casos de pessoas que se machucaram com o produto. Um caso recente ocorreu em Presidente Prudente. Como noticiado por este diário, na última semana um motociclista, 42 anos, foi encaminhado em estado grave ao HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, após ter o pescoço cortado por uma linha de pipa com cerol, na Rua Coronel Albino, altura do Jardim Eldorado. A vítima foi socorrida pelos bombeiros com um corte profundo e sangramento.

Estudos mostram que, entre os motociclistas, de cada dez lesões, oito atingem a região entre o pescoço e a face. Na maioria das ocorrências, as mortes são causadas pela grande perda de sangue decorrente de cortes profundos nas artérias que passam por essa região do corpo. Portanto, passou da hora de que todos se conscientizem sobre o perigo do cerol, que pode ser uma verdadeira arma letal.

Como não basta somente confiar na conduta alheia, é preciso que os próprios motociclistas também se resguardem e adotem medidas para preservar sua integridade física. Um acessório barato vendido em lojas de acessórios para motos, a antena corta-pipa é uma grande aliada dos condutores, ajudando a evitar boa parte dos casos de acidentes envolvendo o material cortante. Conforme orientações do Corpo de Bombeiros, o ideal é instalar duas antenas na moto, uma de cada lado do guidão. Outra medida é manter o capacete sempre com a viseira fechada.

Apesar de serem as vítimas mais frequentes, não são somente os motociclistas que podem pagar com a vida pela imprudência alheia. A ameaça das linhas cortantes também se estende a pedestres, ciclistas e até pássaros. Portanto, trata-se de um problema sério, que precisa ser combatido de forma efetiva, com conscientização e políticas públicas, antes que a “brincadeira” faça novas vítimas.

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