Morre 1ª pessoa com leishmaniose em Prudente

PRUDENTE - Mariane Gaspareto

Data 16/04/2016
Horário 10:59
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) confirmou ontem a primeira morte por LVA (leishmaniose visceral americana) em Presidente Prudente. Esse foi o primeiro caso em humano registrado neste ano, em um homem de 75 anos, morador do Residencial Universitário. O médico veterinário responsável pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), Célio Nereu Soares, ressalta que essa é a primeira morte humana por leishmaniose em toda a história de Prudente.

No início de 2015, Prudente registrou um caso de LVA em uma criança, que respondeu bem ao tratamento e não evoluiu a óbito. Já no caso desse idoso, que foi internado no dia 1º desse mês e faleceu no dia 9, o quadro se agravou, pois apresentava outras comorbidades (diabetes e hipertensão).

Para Célio Nereu, um fator "extremamente agravante" do panorama da leishmaniose em Prudente é o envio deficitário de kits de TR-DPP (teste rápido de dupla plataforma) para diagnosticar a doença em cães. Desde julho de 2014, o envio dos materiais pelo Ministério da Saúde é inferior ao ideal de 2 mil kits mensais para o município.

Conforme o médico veterinário, o recebimento passou a ser "completamente irregular", vindo 100 em um mês, 200 em outro, até que em outubro de 2015 o envio dos kits cessou. Após seis meses sem receber nada, e descartar cerca de 7 mil amostras de sangue canino, no dia 4 deste mês o CCZ recebeu 1,4 mil kits, e voltou a realizar coletas. Atualmente, são 27 casos de LVC (leishmaniose visceral canina) em Prudente.

"Em 2014 tínhamos 30 casos, número que subiu muito, alcançando 174 no ano passado, mesmo com a defasagem. Como ficamos sem receber o material, suspeita-se que Prudente acabou ficando com muitos animais positivos para a LVC, mas sem o diagnóstico para confirmar, facilitando a propagação da doença pelo mosquito-palha", aponta o diretor do CCZ.

A compra do kit de exames de leishmaniose visceral canina é centralizada pelo Ministério da Saúde, que os repassa às secretarias estaduais que, por sua vez, encaminham o material aos municípios. O DRS-11 (Departamento Regional de Saúde) já apontou anteriormente que a pasta federal reduziu significativamente o repasse desde 2014. A  pasta federal foi procurada, mas não se posicionou até o fechamento dessa matéria.

 

Ações de combate


A leishmaniose visceral em humanos ocorre por meio da transmissão pelo próprio mosquito, que sugam o sangue para o amadurecimento dos seus ovos. Os cães não transmitem a doença, são apenas mais um hospedeiro da leishmaniose. Não há cura para os animais infectados, que precisam sofrer eutanásia. O responsável pelo CCZ atenta, portanto, que o foco precisa ser o combate ao vetor.

"As pessoas devem manter o quintal, os canis e os telhados limpos, e evitar que seus cães durmam em locais muito expostos, sem tela, pois o inseto tem hábito noturno. Devem evitar também materiais em composição em casa, que atraem o mosquito", orienta o veterinário. Ele aponta a necessidade de busca imediata de atendimento médico ao apresentar os sintomas como febre e dor no corpo, que no início da doença, são muito similares aos da dengue. "É necessário um diagnóstico certeiro e rápido para maior sucesso do tratamento", afirma.

A partir de hoje, a VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal) informa que dará início ao manejo ambiental para retirar todo material em decomposição do bairro em que foi registrado o óbito do idoso. Já a partir do dia 26 deste mês iniciará borrifação. O órgão orienta que os moradores deverão deixar a casa preparada, com os móveis afastados, porque o serviço tem que ser feito de parede a parede.

 
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