Movimento enviará dossiê à Comissão da Verdade da Alesp

Luana era atriz e produtora cultural e estava na garupa da motocicleta de seu namorado, quando foi atingida durante a blitz da PM.

PRUDENTE - Elaine Soares

Data 15/03/2015
Horário 09:58
 

A Comissão da Verdade da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) deve receber, em breve, um dossiê com detalhes do ocorrido com Luana Barbosa, 25. Em junho do ano passado, em Presidente Prudente, ela foi morta em uma blitz, após ser atingida por um tiro que partiu da arma de um policial militar. Junto com documentos como matérias jornalísticas, sentença judicial e outros elaborados durante investigação do crime, os deputados devem receber uma carta, cujo teor foi lido publicamente na manhã de ontem, quando familiares e amigos da vítima realizaram um protesto na Praça Nove de Julho. Eles mostraram indignação quanto à decisão da Justiça Militar que absolveu o cabo que teria efetuado o disparo. Luana era atriz e produtora cultural e estava na garupa da motocicleta de seu namorado, quando foi atingida durante a blitz da PM. Ontem, cerca de 50 pessoas participaram do ato.

Jornal O Imparcial Manifestantes exibiram cartazes e entoaram uma canção

"Lua Barbosa presente, fim da Justiça Militar, e basta de violência militar", eram os dizeres dos cartazes confeccionados no chão da praça. Em uma roda, jovens, adultos e crianças entoaram, repetidamente, uma canção com dizeres saudosos que lembraram a atriz. Até que a simulação de um disparo de arma de fogo levou todos ao chão. Deitados, eles ouviram a leitura da carta que comentou a decisão do juiz Álvaro Machado Marques, publicada em 5 de março. "Nós repudiamos esta sentença absurda e cobramos que ela seja reavaliada e encaminhada para o Tribunal do Júri de Prudente", bradou o pai de Luana, Marcos de Almeida Barbosa, 59.

Um dos integrantes do movimento e amigo pessoal da vítima, Tiago Munhoz, comenta que depois de oito meses de espera, a primeira manifestação concreta da Justiça causou revolta. "No início realizávamos os manifestos, movidos pela dor da perda. Hoje o sentimento é de saudade e indignação, mas ainda esperamos que a Justiça seja feita", conclama.

 

Polícia

Como publicado em O Imparcial, um inquérito civil ainda está em andamento, sob segredo de Justiça, e o STJ (Superior Tribunal de Justiça) é quem irá definir se a decisão ficará por conta da Justiça comum ou da Militar. Na manhã de ontem, a reportagem tentou contato com o Tribunal de Justiça Militar para repercutir os comentários sobre a sentença, mas foi informada de que não havia expediente no órgão.

Em nota, a Seção de Comunicação Social do 18º BPM/I (Batalhão de Polícia Militar do Interior) ressaltou não caber à Polícia Militar os comentários sobre a decisão supracitada, já que no teor da sentença, o magistrado já especifica os elementos que justificaram sua deliberação. O cabo envolvido no caso permanece realizando serviços administrativos no interior do quartel.
Publicidade

Veja também