A pandemia da COVID-19 é a preocupação dominante neste ano, contando 53 milhões de infectados, que representam 0,7% da população mundial. Porém, há outra pandemia vigente, já há duas décadas, que atinge atualmente 39% dos adultos da população mundial. É a pandemia do sobrepeso e da obesidade, condições que se agravam ao longo dos anos e provocam milhões de mortes.
Não há qualquer intenção de “minimizar” uma ou outra situação, mas vale uma olhada com atenção nas duas proporções (0,7% contra 39%). A COVID-19 é uma doença infecciosa e certamente será controlada com as vacinas que são iminentes. A obesidade é uma doença crônico-degenerativa para a qual não há vacina ou “pílula mágica”, apesar do esforço de vários centros de pesquisa no mundo.
Por definição, sobrepeso e obesidade são consequências do acúmulo excessivo de gordura. Portanto, é racional pensar em estratégias e métodos para reduzir a gordura corporal. O principal método é a restrição na dieta, porém nem sempre usado de forma adequada e pelo tempo necessário. O uso de medicamentos também tem efetividade temporária e causa efeitos colaterais. Como o foco é a redução da gordura, todos os efeitos danosos das estratégias mal sucedidas são relevados.
O foco deve se voltar para os músculos, componentes de maior proporção da massa magra. As estratégias devem se voltar para o ganho de músculos (mas ninguém precisa ficar “fortão” ou “fortona”) e para mantê-los ativos gastando energia e produzindo proteínas (miocinas) que auxiliam na redução da gordura e previnem as doenças crônico-degenerativas.
Os músculos representam 45-50% e 35-40% do peso corporal do homem e da mulher, respectivamente. Isso é mais da metade da massa magra total de 85% no homem e de 75% na mulher, que inclui também ossos, órgãos e tecidos (com exceção do tecido adiposo). Portanto, as proporções de músculos são muito favoráveis em ambos os sexos para promover maior gasto de energia. Porém, os músculos devem receber os estímulos adequados para que possam nos proteger das doenças.
Os músculos seguem o princípio da “demanda e adaptação”, ou seja, quando a demanda é “leve” eles se mantêm acomodados. Mas quando a demanda é “pesada” e o peso aumenta gradualmente, eles deixam o estado de acomodação e entram em processo de adaptação progressiva. Justamente o que precisamos para diminuir um dos principais fatores de risco para as doenças, o sedentarismo. A dieta, isoladamente, reduz a gordura, os músculos e a atividade metabólica. O treinamento com sobrecargas aumenta os músculos, a atividade metabólica e reduz a gordura, além de eliminar o fator de risco sedentarismo.
Músculos seguem o princípio da “demanda e adaptação”.