MUITO RECHEIO, SABOR NENHUM

Esportes - Flávio Araujo

Data 02/10/2017
Horário 12:46

Principal fato registrado na decisão da Copa do Brasil foi a sua existência como torneio de importância nacional. Nada, além disso. Para ser mais exato, é preciso dizer que a Copa do Brasil, que cumpriu sua 30ª decisão, já readquira status de competição nacional desde que passara a valer para classificação à etapa de grupos da Copa Libertadores. Antes os grandes clubes não davam à mínima ao torneio e prova disso foi que até o Paulista de Jundiaí a conquistou. A final da Copa do Brasil serviu para mostrar outra faceta do futebol brasileiro restrito ao Corinthians no campeonato nacional. Aproveitando-se de um início, digamos de descuido de seus concorrentes, o Corinthians, nas mãos de um técnico interino e que não se sabia por quantos jogos ali estaria foi somando pontos e sem ser nenhum assombro foi bem superior aos demais, ganhou gordura, subiu de tal forma na tabela que a esta altura está praticamente com o título de campeão sem que haja alguma possibilidade de modificação. Só se um milagre acontecer, pois, enquanto as palavras do técnico do Grêmio se confirmam e o Corinthians perde jogos que seriam moleza para um líder realmente digno da posição, o oponente gaúcho, que na época da previsão, que se comprovou, não se aproveitou da profecia e da mesma forma que o líder e provável campeão perde jogos considerados fáceis e deixa de ser, inclusive, o principal perseguidor do vanguardeiro. O certo é que a decisão da Copa do Brasil serviu para traçar um desenho bastante significativo da realidade imperante em nosso futebol. Não estavam em campo nem o Corinthians, nem o Grêmio, nem o Santos, ou seja, o líder do campeonato brasileiro e os seus perseguidores mais próximos, embora distantes. E que mostraram Flamengo e Cruzeiro? Ficou provado que temos capacidade para organizar grandes eventos, que nossos estádios superfaturados para a Copa do Mundo de 2014 e que carrearam muito dinheiro ilegal para mãos alheias podem nos mostrar um panorama de espetáculos de alta classe. Mas, ficam nisso. Na hora da bola rolar vimos em duas partidas a fragilidade atual de nosso futebol. Só poderia dar no que deu. Uma decisão em penalidades máximas dada a incompetência dos dois litigantes. E todos sabemos que em disputas por penais chega um momento em que alguém vai errar. E aí prevalece o que tem o melhor goleiro. Foi assim que o Cruzeiro mereceu o título da Copa do Brasil e é hoje o seu maior vencedor ao lado do Grêmio. Quem quiser ver futebol brasileiro de verdade que acompanhe os jogos do certame de clubes europeu. É lá que o Brasil está jogando.

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos.

Publicidade

Veja também