NADA DE NOVO NO FRONT RUSSO

Charanga Domingueira

COLUNA - Charanga Domingueira

Data 24/06/2018
Horário 05:00

Até certa época as Copas do Mundo se resumiam a um confronto de continentes: Europa x América do Sul. Na Europa, países como Itália, Alemanha, França, Inglaterra e Espanha surgiam sempre como destaques em qualquer disputa. A América do Sul sempre se resumiu a Brasil, Argentina e Uruguai. Durante muitos anos a igualdade era patente e esses três países sul-americanos garantiam sozinhos essa igualdade. No entanto, o futebol praticado nesta parte do mundo era muito mais vistoso e capaz de proporcionar espetáculos de alto nível. O futebol europeu, com exceções, evidente, era mais ortodoxo e ditado pelo pragmatismo.

Aqui, no hemisfério sul da América estavam os gênios da bola, aqueles jogadores capazes de levar o torcedor ao paroxismo com sua individualidade e lances genais. Evidente que a Europa também teve os seus craques nessa época, mas em muito menor numero que os valores que a América do Sul possuía. Aos poucos as coisas foram se modificando até que veio a chamada globalização. A economia mundial teve uma influência decisiva no crescimento da produção europeia. Até certa época, as Copas do Mundo funcionavam como um grande congresso do futebol mundial e era natural que esperássemos que novidades surgissem.

Essas inovações iriam ditar a sequência do futebol mundial na adaptação de novas táticas e até técnicas até então desconhecidas. Havia um modo de jogar tipicamente brasileiro, enquanto na Europa era tudo praticamente igual nos diversos países. Hoje não existe mais essa escola brasileira. Acabaram-se os dribles, as genais ações de Garrincha, ou Canhoteiro. Ficou tudo muito igual, nivelado, globalizado. E os brasileiros tiveram influência decisiva na mudança da forma de jogar dos europeus. Até certa época no futebol europeu ninguém cobrava uma falta com tiro direto ao gol. Simplesmente porque não sabiam. Hoje, cobram melhor que os nossos.

A Copa do Mundo está espalhando emoções mesmo que não existam mais craques em quantidade como no passado. Ainda temos grandes jogadores e aí está o português Cristiano Ronaldo a comprovar. Mas, o coletivo é o grande vencedor da atualidade do futebol. Não que isso seja um mal absoluto, embora o ideal seja a mistura que o futebol brasileiro inseria praticando o futebol coletivo sem desprezar o individual. A Copa do Mundo vai espalhando emoções e distribuindo risos e lágrimas na grande festa do futebol que se desenrola na Rússia. Podemos não estar vendo os lances geniais que o Brasil distribuía para o mundo em 1970. Mas, muita emoção ainda virá nestes próximos dias.

Flávio Araújo, jornalista e radialista prudentino escreve aos domingos neste espaço.    

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