Natal e a humanidade de Deus: Jesus Cristo

OPINIÃO - Saulo Marcos de Almeida

Data 24/12/2020
Horário 04:57

Bate o sino pequenino
Sino de Belém
Já nasceu Deus menino
Para o nosso bem.

Habituamo-nos a pensar em Deus apenas como um ser espiritual, habitante do reino metafísico, transcendental e distante da Sua criação. 
Esquecemos, existencialmente, de senti-Lo e vive-Lo como um Deus menino/criança, capaz de deixar a sua glória tornando-se gente como qualquer um de nós – Natal.   
Deus, ser humano, demasiado humano! Assim Ele sonhou ser, assim Ele se tornou:  Emanuel, Deus conosco.
A responsabilidade por pensar Deus tão distante da criação, não é nossa. Talvez seja em parte de quem, desde tempos que longe já se vão, nos ensinou que Deus é um Espírito eterno, infinito em seu ser, sabedoria, onisciente, onipotente e onipresente. Mas esta é só uma parte do que os primeiros cristãos aprenderam. Deus, na linguagem do ideal teológico, parece tão distante de nós...
Concordo com o filósofo Soren Kierkegaard que, em tempos quando os panteístas confundiam a divindade com tudo o que se via e se sentia, expressou: Deus é o inteiramente Outro... Ele está nos céus, nós na terra. Porém foi o teólogo protestante Karl Barth que completou a frase: O inteiramente nosso irmão, presente entre nós! 
Deus é gente porque não quis ficar apenas no céu, mas se tornou como todos nós: viveu a nossa vida. 
Sempre foi mais fácil pensar em Deus como um ser intocável que inspira temor e tremor. Principalmente para nós de uma história marcada por uma cultura totalitária e militarista. Os poderosos nos fascinam. Com certeza isso contribui para que sintamos certa segurança em buscá-la além das estrelas. Por outro lado, um Deus assim inspirar-nos-ia mais respeito e mais seriedade. 
Deus, porém, trocou a sua majestade pela simplicidade de uma criança que exorcizou os demônios dos maldosos profissionais da religião oficial. Ele se deixou ser fascinado pela beleza da vulnerabilidade. E nós vimos este sonho do homem de Nazaré que, no decorrer de sua existência, sempre preferiu as crianças aos intelectuais, os pobres aos poderosos e a poesia dos lírios do campo aos hinos de guerra dos imperadores. 

Hoje Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro
Ele é a Eterna criança, o Deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza 
Que Ele é o menino Jesus verdadeiro - Fernando Pessoa

Cremos em Jesus Cristo, o logo (palavra/promessa) que se fez corpo e que nos ensina que é preciso viver intensamente o amor, a solidariedade, as agruras da vida, as brincadeiras e a alegria de viver. Feliz Natal! 
 

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