Corrigir o nariz, aumentar os seios, eliminar a gordura indesejada. Estes são alguns desejos que, eventualmente, passam pela cabeça dos jovens ao se sentirem insatisfeitos com a sua aparência. A massificação dos padrões de beleza considerados ideais elevou a procura de jovens por clínicas de cirurgia plástica, no entanto, nem sempre querer é poder, conforme explica o cirurgião plástico prudentino, Fábio Bongiovani. Segundo ele, as contraindicações chegam a superar as indicações para procedimentos estéticos, tendo em vista que, em muitos casos, não há a necessidade ou os pacientes são orientados a pensar melhor se esta é a hora certa. Em adolescentes mais novos, o alerta é que o corpo ainda está em desenvolvimento, portanto, as características físicas podem mudar. Já quando se tratam de mulheres na faixa dos 18 aos 25 anos, é preciso lembrar que uma gestação futura pode anular os resultados da cirurgia.
Fábio conta que recebe meninas que estão magras, mas querem fazer lipoaspiração; têm seios com o tamanho adequado e pedem pelo silicone, que deixaria as mamas desproporcionais; ou possuem um nariz que combina com o rosto e dispensa intervenção. Desta forma, a avaliação e o diagnóstico são primordiais no processo. “Infelizmente, a mídia colocou que todo mundo tem que ser igual, estar retinho ou possuir uma cintura de determinado comprimento. Isso não é legal, pois precisamos respeitar as individualidades”, menciona o médico.
ATENÇÃO AOS LIMITES
O especialista orienta que os interessados procurem, inicialmente, um cirurgião vinculado à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o que garante que o mesmo tem formação adequada para atendê-los. Em seguida, se atentem ao diagnóstico e às recomendações do profissional quanto aos limites de tais procedimentos. “O jovem, principalmente, precisa ter em mente que se o cirurgião fizer lipoaspiração em 10 mulheres diferentes, serão 10 resultados diferentes. É dever dos médicos colocar o pé destes pacientes no chão e não incentivar qualquer expectativa irreal”, pondera.
Fábio esclarece que, quando há tais expectativas, é necessário observar se o jovem não sofre de dismorfia visual, ou seja, aquilo que vê diante do espelho não corresponde à realidade. Nesse contexto, é preciso que, com muita tranquilidade e cautela, os cirurgiões plásticos façam a devida orientação e, se preciso, sugiram a busca por um psicólogo ou psiquiatra, já que, nessas circunstâncias, o problema pode ser emocional.
FASE DE MUDANÇAS
A psicóloga Thais Blumle Pardo salienta que todo jovem precisa entender que não existe perfeição e que o período da adolescência é voltado justamente para as mudanças corporais, emocionais e sociais. Nesse sentido, cabe a este público diferenciar o real do que é exposto pela mídia, que ainda é a maior responsável por casos de baixa autoestima ao colocar que, para ser bem-sucedido, bonito e feliz, é preciso ser magro e perfeito. “A vaidade é importante, mas quando começa a prejudicar a rotina e trazer sofrimento e isolamento social, pode ter virado obsessão. Isto é doença e precisa ser tratada”, enfatiza.
A profissional argumenta que não só os amigos prejudicam a autoestima do jovem, como também os próprios familiares, já que há o hábito de criticar sem ao menos perceber se isso vai ou não machucar. Ela acrescenta que comentários indesejados são diferentes de uma opinião solicitada ou uma recomendação de quem está preocupado com a saúde do outro e não com a sua estética. “Muito cuidado para não ser um destruidor de autoestima. Às vezes, as pessoas acham que estão ajudando, mas estão apenas reforçando algo negativo que a pessoa já tem sobre si”, pontua.
PERFIL
Arquivo pessoal
Nome completo: Giovana de Oliveira Farias
Idade: 21 anos
Formação: Jornalismo
Faculdade: Unoeste (Universidade do Oeste Paulista)
Cidade de origem: Alfredo Marcondes
O Imparcial: O que motivou a sua cirurgia plástica? O procedimento era necessário ou ocorreu por questões estéticas?
Giovana: O meu caso se deu mais por saúde do que por estética. Fiz redução dos seios aos 18 anos. Como meus peitos eram muito grandes, eu sentia muito peso nas costas, o que me trouxe alguns problemas na coluna, além de dor. Minha cirurgia foi realizada por meio do SUS (Sistema Único de Saúde) e não paguei nenhum real. Totalmente de graça. Acho que, se fosse pela estética, eu teria pensado duas vezes antes de aceitar, mas como era algo que prejudicava a minha saúde, achei melhor fazer. Desde que iniciei essa jornada, foram dois anos de espera. Demorou, mas consegui e, na época, muitas mulheres que estavam em condições semelhantes não tiveram essa sorte. Fiquei muito feliz.
Quais cuidados você precisou adotar antes e depois da cirurgia?
Inicialmente, precisei emagrecer, porque eu estava meio gordinha. Perdi em torno de seis quilos para fazer o procedimento. Também realizei uma série de exames para estar 100% para a operação. A cirurgia em si foi muito tranquila, o que me pegou foi o pós-operatório, pois trouxe muito sofrimento. Eu tinha que dormir de barriga para cima e não podia erguer o braço. Ficava praticamente imóvel. Além disso, passei uma semana tomando banho apenas da cintura para baixo. Na parte de cima, eu só podia passar um pano. Ainda foi tranquilo porque não precisei colocar sonda e, como cuidei direitinho, a cicatrização foi rápida. A recomendação era que eu ficasse em repouso por um mês, mas, em uma semana, já estava indo para a faculdade [risos].
Hoje, você está satisfeita com a sua aparência ou tem o interesse de fazer outra cirurgia plástica?
A princípio, a única coisa que me incomodou muito foram as cicatrizes. No entanto, estou satisfeita, sim, com a minha aparência e não tenho vontade de mudar ou mexer em nada esteticamente. Eu até brinco falando que colocaria mais bunda, mas não tenho coragem, porque já passei por uma cirurgia antes e ela é sempre sucedida por um processo de recuperação, que, dependendo do que você faz, é muito doloroso. Se eu precisasse realizar outra cirurgia plástica por questões de saúde, faria, pois vale a pena. De resto, estou bem.
Quais são as orientações que você dá para um jovem que esteja cogitando uma cirurgia plástica?
A dica que dou é pesquisar e pensar muito bem antes de fazer. Lembro que na época em que decidi ir em frente, minha mãe me perguntava se era isso o que eu realmente queria, porque era um pensamento conjunto entre ela e eu. Houve ocasiões em que voltei atrás, mas depois já reconsiderava. Então, o que digo para os jovens é que pensem se vai valer a pena, se informem sobre tudo e estejam preparados para o pós-operatório, pois é sempre meio chatinho. Porém, se é algo que querem, façam e sejam felizes, porque cada um tem sua necessidade e vontade.
DICA DE FILME
Divulgação
Pequena Miss Sunshine (2006)
Engana-se quem pensa que o desejo de se enquadrar nos padrões de beleza atinge apenas o público jovem. Em “Pequena Miss Sunshine”, acompanhamos a pequena Olive, uma garotinha apaixonada por competições de beleza que, um dia, recebe o convite para participar de um concurso do gênero. A menina é o oposto de tudo aquilo que esse tipo de evento preconiza: tem baixa estatura, está acima do peso considerado ideal e usa óculos. Ainda assim, embarca em uma viagem em família para poder estar entre as candidatas. Embora o longa esteja centrado, em grande parte, na discussão de dilemas familiares, o desfecho suscita um debate importante sobre a adultização de crianças e como a pressão social em torno da vaidade macula o conceito do que realmente deveria ser a infância.
AGENDA
DIARIAMENTE (ATÉ 05/08)
Exposição: Beleza e Diversidade
Local: Galeria Takeo Sawada do Centro Cultural Matarazzo
Endereço: Rua Quintino Bocaiúva, 749 – Vila Marcondes
Telefone: 3226-3399
Horário: Segunda a sábado, das 8h30 às 22h, e domingo e feriados, a partir das 22h
Convite: Grátis
Atividade: Retratos visam mostrar como o julgamento e compreensão sobre o que é belo para as pessoas, de modo geral, se amoldam aos padrões impostos e como a verdadeira beleza mora nas diferenças, transcende os traços físicos simétricos e repousa na essência de cada um. A exposição enfatiza ainda seres humanos que se aceitam, lutam pela própria identidade e pelo direito de serem exatamente quem são.
SÁBADO (14/07)
Show: Far From Alaska (Festival Sesc Thermas do Rock)
Local: Área de Convivência do Sesc Thermas
Endereço: Rua Alberto Peters, 111 – Jardim das Rosas
Telefone: 3226-0400
Horário: 16h
Convite: Grátis
Atividade: Formado em 2012 na capital potiguar de Natal, o grupo de stoner rock soma dois discos e passagens por festivais como Lollapalooza Brasil, Maximus Festival, João Rock e, recentemente, o Download Festival, em Paris (França), no mesmo palco que recebeu o System Of A Down. A banda é formada por Emmily Barreto (vocais), Cris Botarelli (guitarra, sintetizador e vocais), Rafael Brasil (guitarra) e Lauro Kirsch (bateria).
NA BALADA
Cedida/Karime Vilela
Karime Vilela e Camilla Saldanha
Cedida/Itamar Batista
Itamar Batista e Lara Telles
Cedida/Junior Lessa
Junior Lessa, Bárbara Carvalho, Lara Okuma, Alessandra Santos, Luis Henrique e Felipe Corrêa