Nildo presente

OPINIÃO - Raul Borges Guimarães

Data 13/03/2022
Horário 05:00

Sentei para escrever a minha crônica semanal nesta última sexta-feira, dia 11 de março e, por mais que buscasse fugir do tema, fiquei diante de muitas lembranças destes dois anos recentes que um minúsculo agente patógeno transformou o mundo - Sars-CoV-2, o vírus responsável pela Covid-19, que faz parte de uma família de vírus que causa muitas doenças respiratórias. 
Tinha acabado de participar de uma aula inaugural do novo programa de pós-graduação em Brusque (SC) e fiquei muito emocionado com a linda homenagem que os alunos fizeram ao professor de geografia daquela escola, Nildo Aparecido de Melo, morto em decorrência da Covid-19 em junho do ano passado. Lembrei do sorriso de Nildo quando era meu aluno no curso de geografia da Unesp de Presidente Prudente e não pude conter as lágrimas que escorreram pelo meu rosto.
Certamente o isolamento social e o intenso trabalho submerso no mundo digital  modificaram nossa relação com o tempo. É inacreditável que já tenha passado dois anos desde o anúncio da OMS de que o novo coronavírus havia gerado uma pandemia. Naquele momento, quem podia imaginar que estaríamos diante da pior crise sanitária da história da humanidade?
Sabemos que os vírus surgiram há bilhões de anos. Eles já estavam na Terra antes dos seres humanos e convivem conosco desde os agrupamentos mais antigos. Estão aí as marcas das lesões causadas por varíola em múmias andinas para nos contar a história.Se convivemos tanto tempo com esses minúsculos agentes patógenos, por que o Sars-CoV-2 gerou tanta polêmica? 
De fato, estamos falando da primeira circulação viral sem controle dos tempos da globalização! Causou perplexidade a velocidade da transmissão lá do centro da China para quase 200 países em apenas alguns meses. Pois é, a Covid-19 não é brincadeira, mas uma nova doença que se desenvolveu nos circuitos globais dos quais fazemos parte, queiramos ou não. E seu agente patógeno provocou muitos estragos. Mas também uma certa desorientação e desordem global, como parte de uma espécie de pandemia da desinformação e fake news que flagela o Brasil e países de outras regiões do mundo. 
Embalados pelas mortes que poderiam ter sido evitadas, fica aqui o meu respeito e os meus sentimentos por aqueles que nos deixaram: colegas, amigos, familiares. Nildo presente!
 

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