Novo lockdown na China

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 30/04/2022
Horário 05:00

O porto de Xangai é considerado o maior do mundo quanto à movimentação de contêineres, por conseguinte um dos mais importantes para o comércio internacional. Com o novo lockdown decretado em um dos núcleos financeiros globais, o movimento de pessoas e cargas está impedido. Desta forma, indústrias e comércios espalhados pelo mundo podem ver-se novamente diante da falta de suprimentos, matérias-primas e produtos para viabilizar suas atividades. Soma-se a este cenário a guerra no leste europeu e a inflação mundial que reforçam os desafios para o Brasil.
Entre os fatores que levam ao aumento de custos no frete dos produtos transportados pelo mar, está o risco do transporte de cargas em navios nas proximidades das regiões de conflito, e para compensar tal perigo, existe a possibilidade de sobretaxas conhecidas como "cláusula de guerra”.
Para se ter ideia, segundo a BBC News, os principais produtos exportados por Xangai que certamente enfrentarão reflexos do lockdown são: máquinas de lavar, aspiradores, painéis solares, componentes eletrônicos e têxteis.  
O outro lado desta mesma moeda são as exportações do Brasil para a China. Houve uma época em que as exportações do nosso país para a populosa nação da Ásia Oriental não representavam 2%. Hoje, passa dos 30%. Os atrasos nos portos encarecem o custo logístico de transporte e refletem no preço final dos produtos, podendo levar, segundo a Ciesp de Campinas, G1, ao desabastecimento de insumos para o mercado automobilístico, farmacêutico, eletrônico e do agronegócio.
Além de enfrentarmos as consequências da primeira onda de pandemia, a guerra Rússia vs Ucrânia, insegurança jurídica e política, pressão inflacionária, risco de desabastecimento de insumos, haverá também reflexos no mercado de importação de produtos acabados, tendo em vista que a grande maioria dos países fornecedores destes depende de insumos oriundos da Ásia Oriental. Se o desafio é o combustível da inovação e criatividade, temos uma dose extra com o novo lockdown na China.


 

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