O Banho do Pardal

O Espadachim, um cronista livre para todos os públicos

OPINIÃO - Sandro Villar

Data 29/07/2020
Horário 05:31

As aves que vivem nas cidades devem sentir sede e fome. Onde encontrar água e comida, se não há rios e árvores frutíferas? E quando há rios ou riachos as águas estão poluídas. Complicado, principalmente para os passarinhos, entre eles os pardais, que tomaram o lugar do tico-tico nas áreas urbanas. Matar a sede só quando chove.  
Quando cai um toró - ou uma chuva amena - os passarinhos se esbaldam nas poças formadas pela água da chuva. Não só matam a sede, que não é a de vingança, como também aproveitam para tomar banho, mesmo que seja banho do tipo Velho Oeste, como vocês já viram no cinema. É o banho do sujinho, que se lava apenas superficialmente.
Quando a estiagem está braba, com pouca chuva como ocorre no inverno, a água disponível para a passarada é aquela que escorre para a rua quando uma dona de casa, por exemplo, faz a faxina e usa o precioso líquido à vontade para lavar a garagem ou o quintal.
Outro dia uma dona de casa lavava a garagem e muita água, para a alegria da Sabesp, tomou o rumo da rua e algumas poças se formaram. De repente, ele chegou e não sei de onde veio. Aterrissou como um avião e todo empolado matou a sede e, na sequência, aproveitou para tomar banho. Ou aproveitou para se banhar, tanto faz.
Era um pardal e foi comovente perceber a sua satisfação ao desfrutar daquela água neste inverno de grande secura. Legal mesmo, gente! O passarinho mergulhou na poça. Tremendo barato. Era visível a sua alegria. Por várias vezes o pardal abriu as asas como se estivesse batendo palmas.
Tem gente na cidade que ajuda as aves. Recipientes com água e comida são colocados na calçada e, a meu ver, é uma atitude digna dos maiores encômios, e aproveito para dizer que encômios é bonito, hein? Milho, frutas e sementes estão no cardápio.
Além dos pardais e outros passarinhos quase do mesmo tamanho, os pombos, incluindo os selvagens, são os "comensais" desses "banquetes" servidos ao ar livre. Claro, não poderia ser ar escravo. Acho uma bela iniciativa essa de alimentar e dar de beber às aves. Se ecologicamente está correto, confesso que não tenho a menor ideia e nem a maior ideia.
Buda disse que devemos tratar os animais como se eles fossem nossos irmãos. É por aí mesmo. São Francisco de Assis também gostava um bocado dos bichos. Se ele fosse nosso contemporâneo, certamente manteria uma reserva e descartaria o zoológico, pois animal de zoológico sofre mais do que pobre na fila para obter o auxílio emergencial.

DROPS

Passarinho que come pedra sabe o bico que tem.

Ri melhor quem ri de orelha a orelha.

Se a vacina de Oxford não for eficaz, pode-se pensar em outras alternativas, como as vacinas Oxchevrolet e Oxwolks.

Estamos todos no mesmo hidroavião. Será?
 

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