O aumento recente dos casos de intoxicação por metanol reacendeu o alerta sobre os riscos da falsificação de bebidas e da busca incessante pelo menor preço. Relatórios de autoridades de saúde registram notificações de intoxicação após o consumo de bebidas adulteradas, com confirmações e mortes em diferentes estados do país, evidenciando que a falsificação deixou de ser apenas uma prática desleal de mercado para se tornar uma grave ameaça à saúde pública.
A pressão por custos cada vez mais baixos pode levar à substituição de insumos, à adulteração de produtos e, em casos extremos, à introdução de substâncias altamente tóxicas em bebidas destiladas, como o metanol, capaz de causar cegueira e até a morte. Esse tipo de ocorrência não se restringe às bebidas: há registros de falsificações e contaminações em carnes, leites e derivados, entre outros alimentos, nos quais o corte de custos resulta em sérios riscos químicos e sanitários.
A relação entre preço e qualidade é direta e inegociável. Matérias-primas seguras, processos produtivos adequados e controles sanitários rigorosos têm custo — e esse custo precisa ser repassado ao consumidor. Quando o preço é excessivamente baixo, é sinal de que algo foi retirado da cadeia: segurança, qualidade ou procedência. Nesse contexto, o barato realmente pode sair caro. É necessário resgatar o conceito de preço justo, que representa o equilíbrio entre custo e valor entregue, garantindo que o produto cumpra o que promete com segurança, durabilidade e confiança. O consumidor precisa perceber que o valor agregado de um produto ou serviço é maior do que a diferença de preço em relação ao concorrente.
Para isso, o marketing e os argumentos de venda devem caminhar juntos, comunicando de forma clara e honesta todos os benefícios que justificam o preço. Certificações, origem rastreada, qualidade dos insumos, garantia, controle sanitário, serviços, higiene e bom atendimento são atributos que agregam valor e demonstram responsabilidade.
Pagar um pouco a mais, nesse caso, não é desperdício, mas investimento em segurança e tranquilidade. Cabe ao comerciante valorizar o que oferece de melhor, ser eficiente na comunicação e assertivo nas estratégias de venda. O consumidor consciente reconhecerá o valor e retornará pela confiança.
No fim, a guerra de preços e a busca pelo mais barato a qualquer custo abrem espaço para o submundo do crime, da adulteração e da falsificação. E quando se trata de produtos que colocam vidas em risco, o barato não sai apenas caro — pode ser fatal.