O cérebro estimula a “queima” de gordura

Jair Rodrigues Garcia Júnior

O que você acha de “queimar” gordura, essa que está acumulada em excesso na cintura, em repouso? Há pessoas que buscam esse efeito usando chás em grande volume, shakes, cápsulas manipuladas, termogênicos e outros. Pesquisadores da UNICAMP publicaram recentemente resultados demonstrando que isso pode acontecer por comando do hipotálamo, que fica na base do cérebro. Quer ver como?

PROCESSO DINÂMICO

 O primeiro passo para que a gordura seja oxidada (queimada) é a lipólise, que significa a quebra da molécula grande de gordura em moléculas menores, os ácidos graxos. A lipólise e o seu contrário, o armazenamento, acontecem como um ciclo o tempo todo. Mas nas condições de jejum e exercício físico são secretados hormônios que aumentam bastante a quebra da gordura, liberando os ácidos graxos no sangue.

MELHOR CONDIÇÃO

 Assim como, quando há dinheiro na conta corrente ele não “é queimado” automaticamente, quando há ácidos graxos no sangue eles não são oxidados automaticamente. Precisa haver demanda de energia. Durante o jejum a demanda de energia é baixa e a oxidação de gordura é igualmente pequena. O exercício físico é a melhor condição, pois a contração muscular aumenta 50 vezes ou mais a demanda de energia, aumentando também a oxidação da gordura gradativamente.

HIPOTÁLAMO

 É uma estrutura do sistema nervoso que regula funções do fígado, da glândula tireóide, do tecido adiposo branco e marrom, e de outros órgãos. A porção ventromedial do hipotálamo também controla o metabolismo muscular, de glicose, de oxidação de gordura e o gasto de energia. Esses efeitos da porção ventromedial são considerados mecanismos para manutenção do equilíbrio energético e do peso corporal.

INTERLEUCINA-6

 A novidade que os pesquisadores da UNICAMP demonstraram foi a importância de uma citocina (espécie de hormônio), a Interleucina-6 (IL-6), no metabolismo muscular. Identificaram uma via neuromuscular, mediada pela IL-6 produzida no hipotálamo, cujo efeito é a ativação da queima de gorduras nos músculos. Comprovaram a necessidade da IL-6 do hipotálamo e de receptores específicos (alfa-adrenérgicos) para esse metabolismo muscular de diferentes formas. Uma delas foi a secção do nervo que faz a conexão com os músculos e outra a supressão dos receptores alfa-adrenérgicos.

NA PRÁTICA

 Os próprios músculos são produres de IL-6 quando em contração (exercício físico). Agora sabemos que o exercício físico estimula a produção de IL-6 também no hipotálamo e ela provoca efeito nos músculos não apenas durante o exercício, mas também no período de recuperação. Com isso, a queima de gordura pós-exercício (afterburn) pode continuar aumentada por horas, enquanto o metabolismo ainda permanecer ligeiramente aumentado (o efeito EPOC). Esse efeito pode ser significativo na perda do excesso de gordura, bastando que se pratique o exercício de forma regular com intensidade moderada-alta.

 

A queima de gordura pós-exercício pode continuar aumentada por horas, enquanto o metabolismo permanecer ligeiramente aumentado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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