O colunista

OPINIÃO - Thiago Granja Belieiro

Data 01/11/2025
Horário 04:30

Na terra de supostos gigantes, dotados do poder da terra usurpada dos originários, o pensamento retrógrado, discricionário e reacionário tem sido a regra. Ontem mesmo, anunciaram a morte, já antevista, do pensamento crítico e reflexivo, com o fechamento simbólico de vidas e pensamentos. Não muito tempo adiante, fecharão os jornais, revistas e demais publicações, hoje, já escassas. Como poderemos pensar a diferença, dali em diante? São poucos, mas existem aqueles dispostos a lutar contra a ignorância vigente, aqui mesmo, nos sertões paulistas. 
As armas do combate são as mesmas que nos tiram, pouco a pouco. Os supostamente sabidos sabem e julgam saber que a crítica e a consciência podem ser perniciosos a seus interesses, por isso a perseguem, cotidianamente. Para mim, por aqui, pelo menos, já são vencedores. Quem dentre os colunistas fariam parte de nosso time? Um ou dois, talvez três, quem mais? Eu não vejo, infelizmente, combatentes dividindo conosco a mesma trincheira, estamos, mais uma vez, sozinhos na luta. A velha cidade apresenta-se assim, sem contradições, monolítica e monocromática, sem pensadores e sem crítica. 
Não perderemos, contudo, as esperanças, essa que já foi ferramenta de luta por dias melhores, mesmo aqui, na cidade sertaneja. O idealismo, que já combatemos, outrora, em nome do materialismo, viceja como arma de luta em dias tão duros e descompassados como o que agora vivemos. Me admira, sinceramente, que ainda haja aqueles dispostos à luta, com as poucas e pouco valorizadas armas da cultura. O poder é deles, não nosso. Nos resta apenas o combate pelas letras e pelo conhecimento, que, afinal, foram os responsáveis por nos trazer até aqui. 
O plano? Bem, o plano parece simples, mas é admiravelmente potente. Escrever, toda semana, sempre, com dedo em riste e palavras em punho, com força e coragem para o enfrentamento do reacionário e provinciano povo prudentino. Levar consciência e cultura, como armas da esperança de dias melhores, mesmo aqui, no sertão esquecido dos velhos coronéis. Louvável utopia a de mudar a cabeça das pessoas por meio das palavras, ainda que duras e sinceras. Outrora fora esse caminho, hoje os vídeos curtos da ignorância coletiva florescem como ervas daninhas da barbárie coletiva. 
Todo cuidado é pouco nessa terra de ignóbeis, veja só, os gigantes montados em suas caminhonetes, armados até os dentes com suas autorizações de CAC, estão à espreita, à espera de um de nós. Se não forem pelas vias de fato, virão de outras formas, mais sutis e perniciosas. Incomodar é preciso, e as palavras são ótimas nisso. É uma pena que não nos compreendam, e mesmo sutis alterações nos sentidos das palavras e frases podem passar desapercebidas pelos censores. Os processos judiciais estão aí e a violência simbólica pode vir a se tornar real. 
A construção é lenta e árdua, caro colunista. Uma palavra de cada vez, um texto a cada semana, uma semente por mês, uma árvore por ano. O que seria de nós se não pudéssemos plantar árvores pequeninas nesse deserto de ideias e de dias melhores? 

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