Piada proibida
Português de Trás-os Montes, o seu Oliveira veio para o Brasil já faz um bocado de tempo, talvez mais de meio século. Foi morar numa cidade perto de São Paulo e, comerciante ladino, optou por montar um bar na periferia. Era mais um boteco - ou botequim - do que propriamente um bar.
Logo nos primeiros meses a freguesia cresceu, talvez por causa de uma fábrica na vizinhança. Os operários(palavra em desuso)batiam o ponto às cinco da tarde e, antes de seguir para casa, davam uma esticada até o boteco do seu Oliveira. Claro que não iam lá para mostrar álbuns de figurinha e outros babados.
Também não discutiam os problemas da empresa, que não estava bem das tíbias e dos perônios. Os clientes estavam mais interessados na cachaça e outras águas que rouxinol não bebe. Entre o grupo, dois se destacavam pela ironia e sarcasmo: Mulato e Joselito.
Tremendos gozadores que adoravam contar piadas, principalmente de português. Era tanta piada de português que o seu Oliveira subiu nas tamancas. Quer dizer: ficou mais irritado do que o Trump com o Lula e o Putin.
Foi aí que o seu Oliveira resolveu tomar uma decisão drástica. Baixou uma espécie de decreto informando que estava proibido contar piadas de português no seu bar. Prato cheio para Mulato e Joselito. Eles decidiram provocar o ilustre comerciante.
Num fim de tarde eles sentaram-se numa mesa no fundo do boteco, talvez para ninguém ouvir a conversa, e chamaram o seu Oliveira "para um particular", ou seja, para que ele explicasse melhor a proibição. Seu Oliveira justificou seu ato, pois as piadas passavam dos limites e ofendiam os portugueses.
A dupla pediu doses duplas de pinga, fingiu entender a justificativa, e perguntou se piadas sobre outros povos estavam liberadas. "Ah, sim: anedotas de outros povos eu autorizo. Só não quero mais ouvir piadas de português", reiterou.
Mais cachaça na mesa. Mulato e Joselito analisaram a situação desconfortável, isso que se chama de saia-justa, e começaram a contar uma piada: "Era uma vez dois suecos chamados Manuel e Joaquim". Não terminaram, claro, pois seu Oliveira saiu no tapa com a dupla, que nunca mais apareceu no bar.
DROPS
A esperança é a antepenúltima que morre.
Casamento: o que Deus uniu a despensa vazia não separe.
Trump vs Putin. Melhor se afastar, mas para onde?
Café virou ouro.
(entreouvido num supermercado)
Quem comer bem? Restaurante, churrascaria, petiscaria e casa de carnes Mithan Sato, do André Sato. Dois endereços: Rua Eugênio Corazza, 487, J. São Geraldo, e Av. Ana Jacinta, 1.743. Fones: 3217-3287 e 3906-3055.