O futuro da formação docente

OPINIÃO - Danielle Santos

Data 17/06/2021
Horário 04:30

Temos acompanhado a queda exponencial do interesse dos jovens por cursos de licenciatura (formação docente) e, em algumas áreas, essa queda é bem expressiva, especialmente exatas e algumas especificidades das ciências humanas. A Organização para a OCDE divulgou relatório em 2018 apontando que o interesse pela carreira docente caiu de cerca de 7,5% para apenas 2,4%, entre brasileiros na faixa dos 15 aos 17 anos. 
Quando questionados diretamente sobre a atratividade pela carreira docente, os estudantes do ensino médio relatam rejeição, de acordo com a pesquisa realizada por pesquisadores vinculados à Fundação Carlos Chagas, cujos resultados foram publicados no artigo "Alunos do ensino médio e atratividade da carreira docente no Brasil". 
Entre as justificativas pelo desinteresse constam a ausência de identificação pessoal com a docência, as condições sociais e financeiras, a própria experiência escolar e a influência familiar. Em um cenário que parece desanimador, podemos vislumbrar um futuro promissor? A resposta é: sim! 
Entre os meses de abril e maio, consultamos jovens que estão terminando o ensino médio em escolas públicas e particulares de Presidente Prudente e região do Pontal do Paranapanema, visando apreender os fatores que podem determinar o seu interesse pela formação docente. Por meio de um questionário simples e online, recebemos o retorno de mais de 300 jovens que relataram o desejo por realizar cursos vinculados à aprendizagem sobre crianças (Pedagogia), biológicas e exatas. 
Entre os motivos pelos quais esses jovens relataram esse desejo, um comentário aberto chamou muito a atenção: “A diferença que meus professores fizeram na minha vida particular e profissional”. O significado dessa frase, para o futuro da formação docente, tem múltiplos sentidos: quem não se lembra de uma professora ou professor que fez toda a diferença em sua vida? Quem não se lembra da sua ou do seu alfabetizador, ou de um professor "maluco" apaixonado por fórmulas matemáticas ou experimentos de biologia e de química, ou daquele professor de história que contava fatos antigos com um nível de detalhes espantoso? 
O futuro da formação docente revela um caminho que pode gerar bons impactos, desde que busquemos a valorização das experiências multissensoriais mediante o conceito de "empoderamento da aprendizagem", baseado em princípios como a naturalidade, a autonomia e a orientação para o desenvolvimento de metas pessoais, sociais e significativas, ou seja, deixar um legado e fazer-se inesquecível. Isso significa que os aprendizes devem aprender a conferir um sentido a tudo o que aprendem. E é isso que precisamos resgatar. 
 

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