A psicanálise, descoberta por Sigmund Freud (1856-1939), origina-se com a chegada de pacientes histéricos. Em 1893, houve uma publicação chamada “Comunicação Preliminar”, de Freud juntamente com Josef Breuer. Os dois eram médicos. Essa publicação consistia em observações clínicas em suas respectivas clínicas particulares. Juntos puderam escrever sobre os seus casos, mas intuíram que seria um grave abuso de confiança publicar informações fidedignas, devido às questões de confidencialidades.
Sempre há o risco dos próprios pacientes, serem reconhecidos, “daí vem o fato de só podermos apresentar de forma incompleta a prova para nossa concepção de que a sexualidade tem papel fundamental na patogênese da histeria, como fonte de traumas psíquicos e como motivo da ‘defesa’, da repressão de ideias da consciência” (Freud e Breuer). Para Freud, o histérico sofre, sobretudo, de reminiscências. São lembranças vagas e quase apagadas, alguma coisa que se guardou na memória, inconscientemente. O mais importante é que essas lembranças do passado são carregadas de afeto e continuam controlando nosso comportamento no tempo presente. E isso afeta o nosso futuro.
Freud diz: “A melhor maneira de esquecer é lembrar, se os histéricos sofrem de reminiscências que eles não sabem que têm, então a forma de curá-los é fazê-los se lembrar. Como fazer isso? Ele foi para a clínica do Doutor Charcot em La Salpètrière,Paris estudar sobre a histeria em 1885.E aprofundou no método sobre a hipnose. Ele foi observando que só a hipnose era insuficiente. Foi quando observou que as suas pacientes sentiam-se mais aliviadas quando falavam livremente. Iam associando em redes, os seus sofrimentos.
Por que as técnicas verbais aliviam os sintomas físicos? Porque a linguagem serve de substituta para a ação. Todas as manifestações de que o histérico sofre, que são os sintomas somáticos, caracterizam-se por uma marca absolutamente distintiva: em sua maioria, elas são transitórias, não resultam de nenhuma causa orgânica e, em sua localização corporal, não obedecem a nenhuma lei da anatomia ou da fisiologia do corpo. São originadas de traumas, fantasias e todas as suas vicissitudes. Muitos pacientes lotam os prontos-socorros dos hospitais por desconhecerem os sintomas da neurose histérica, obsessiva, fóbica etc. Muitos médicos também desconhecem o sintoma conversivo, por exemplo. Os pacientes, em pânico experienciam a vivência de morte, pensam que são infartos, aneurismas, AVC (acidente vascular cerebral), etc. Submetem à infinidade de exames, tomam uma infinidade de medicações e os médicos nada encontram para fundamentar o diagnóstico.
É muito importante pensar que somos indivíduos dependentes uns dos outros. Somos mamíferos e transgeracionais, herdamos questões filogenéticas e ontogenéticas. E o corpo e mente estão interligados. Somos seres racionais, mas também possuímos um psiquismo dinâmico. Necessitamos reconhecer nossas fragilidades e expressar nossas emoções. Enfim, “tornar nosso inconsciente, consciente, eis a cura” diz, Freud. Ao perceber que existe uma lembrança dolorosa e repetitiva que a faz chorar, deprimir, causar prejuízos em sua vida, não hesite em buscar ajuda profissional. De forma amalgamada, usando a metáfora do arqueólogo, existe outra lembrança “subterrânea” desconhecida em nós, e essa está carregada de afeto estrangulado.
