O modo esquizóide (borderline) de ser

No período que se seguia à Segunda Guerra Mundial, constatou-se diante de observações, uma mudança notável no tipo de paciente tratado pelo psicoterapeuta e pelo psicanalista. A maior parte deles parecia consistir de certo tipo de distúrbio de personalidade que desafiava a classificação nos dois grandes grupos das neuroses e psicoses. Conhecemos esse distúrbio como fronteiriços (borderline), narcísicos ou como organizações esquizoides de personalidade. 
Vamos a alguns aspectos sobre o comportamento humano e dos processos mentais que parecem constituir o núcleo de um borderline. Estas pessoas representam um grupo de indivíduos que alcançaram uma espécie de estabilidade na organização da personalidade, através da qual tem uma vida emocional extremamente limitada e anormal, que não é neurótica nem psicótica, mas sim, um tipo de estado fronteiriço. Os pacientes queixam-se de uma incapacidade de contactar com os outros e acham impossível manter qualquer relacionamento caloroso e estável. 
Se efetivamente conseguem entrar num relacionamento, este rapidamente torna-se intensamente dependente e resulta em distúrbio de identidade. De modo rápido e efêmero, eles estabelecem uma identificação com seus objetos e vivenciam uma perda de seu sentido de identidade que é acompanhada de intensa ansiedade, medo de fragmentação ou dissolução do seu eu. Raramente estabelecem uma identidade sexual firme e vacilam entre vivências de masculinidade e feminilidade. Não são homossexuais, mas têm temores de que possam sê-lo.
Necessitam controlar, manipular, ameaçar e desvalorizar os outros. Acusam a sociedade e os outros por seus males e ficam facilmente perseguidos. Quando ameaçados por se sentirem pequenos, desprotegidos e em perigo, podem defender-se por meio de ataques de fúria incontroláveis e diversas formas de comportamento impulsivo.
Queixam-se muito de sensações de futilidade, que é realmente uma característica. Um tipo especial de depressão, observamos. Uma depressão despersonalizada, isto é, tédio, inutilidade, falta de interesse, etc. Há busca por estimulantes e pela produção de experiências sensoriais através do álcool, drogas, de se cortarem e machucarem, perversões, promiscuidade, etc.  
Muitas vezes se queixam de diversas sensações anormais, perturbações de vários tipos da imagem corporal, bem como vivências de despersonalização e de perda de contato com a realidade. Geralmente, quando chegam ao tratamento, eles já largaram seus estudos ou seu trabalho. Benevolência, continência, paciência e compreensão afetiva são essenciais para tratar esses pacientes. Em pacientes fronteiriços, é essencial um conhecimento profundo de seus processos mentais, fantasias e das estruturas subjacentes que subentendem seu comportamento. Isolamento é um comportamento prejudicial para tais sintomas. Buscar ajuda especializada é de extrema importância.
 

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