O mundo passa fome! O que temos a ver com isso?

OPINIÃO - Maíra Rodrigues Uliana

Data 25/11/2021
Horário 05:00

Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) colocam que a fome e subnutrição no mundo atingiram cerca de 821 milhões de pessoas em 2017. E ainda, no Brasil, mais de 5,2 milhões de brasileiros passaram um dia inteiro ou mais sem consumir alimentos ao longo do ano. Esses dados ainda não condizem com a realidade de hoje vivida, uma vez que a pandemia da Covid-19 agravou drasticamente a situação das pessoas no mundo todo, conforme dados do relatório “O Estado da Insegurança Alimentar e Nutrição no Mundo (Sofi) 2021”.
Em outras análises, em 2020, cerca de 30% da população global não teve acesso à alimentação adequada durante todo o ano. Esse número aumentou em apenas um ano o mesmo que em cinco anos anteriores juntos! E a pergunta que fica nesse momento é: se tanta gente passa fome, quanto de comida temos que produzir para alimentar todas as pessoas do mundo? Essa resposta pode ser dada com outra pergunta: Será que temos que produzir mais alimentos?
Perto de um quarto e um terço dos alimentos produzidos se perdem ou são desperdiçados. Ou seja, jogamos fora cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos (30% dos cereais, entre 40 e 50% das raízes, frutas, hortaliças e sementes oleaginosas, 20% da carne e produtos lácteos e 35% dos peixes). Essa quantidade de alimentos perdida seria suficiente para alimentar 2 bilhões de pessoas. 
Então, será que precisamos mesmo produzir mais? Para tentar entender como jogamos fora tanta comida, precisamos primeiramente saber que esse desperdício se dá nas fases de produção, pós-colheita, armazenamento e transporte, outra nos serviços de venda, vendedores e, por último, pelos consumidores (sim, nós mesmos!). Esses dados são evidenciados pela ONU, quando coloca que 28% do desperdício está nos consumidores, 28% na produção, 17% no mercado e na distribuição, 22% durante o manejo e o armazenamento, e 6% no processamento.
Além de jogar comida fora, essas perdas têm um enorme impacto na sustentabilidade dos sistemas de produção de alimentos, reduzindo disponibilidade local e mundial de alimentos, gerando menos recursos para quem produz e, consequentemente, aumentando os preços para os consumidores (nós de novo!). 
E as consequências não param por aí! As implicações podem ser piores quando pensamos que para produzir estamos utilizando recursos naturais, água, nutrientes do solo, energia, mão de obra, etc. Portanto, o combate à fome não é apenas um problema do outro, e sim um dilema que perpassa por todos nós! E talvez um dos maiores desafios da humanidade!
Como evitar essas perdas e desperdícios? Todas as partes da cadeia de produção estão envolvidas, assim, precisamos de investimentos, incentivos e alianças entre o setor público, o privado e a sociedade como um todo. Estabelecer essas relações é imprescindível para que sejam diminuídas as diferenças entre oferta e demanda, em diversas condições, como por exemplo: quando o produtor deixa de colher o que foi produzido por não encontrar compradores ou preços que cubram os custos da produção. Ou mesmo quando uma refeição é preparada para quatro pessoas e apenas duas comparecem. Quando um restaurante diminui, sem antecedência, a quantidade de certa matéria-prima no pedido e os fornecedores não conseguem escoar esses produtos para outros possíveis compradores. Ou quando uma pessoa coloca comida a mais no prato no restaurante por quilo e não consume tudo, etc.
Assim, cada um fazendo a sua parte, contribui para vencermos esse desafio.
 

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