O papel das escolas na prevenção do abuso sexual infanto-juvenil 

OPINIÃO - Marcos Akira Mizusaki

Data 18/05/2021
Horário 05:00

Hoje é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra crianças e adolescentes. O abuso sexual infanto-juvenil ocorre em todo mundo, sendo que no Brasil temos uma estimativa de 60 a 70 mil casos por ano, o equivale aproximadamente de sete a oito vítimas a cada hora. 
Infelizmente, em mais de 50% dos casos, os abusadores (87% dos autores são do sexo masculino) estão dentro das próprias casas, envolvendo genitores, padrastos, tios, avôs, irmãos, primos, etc, o que dificulta ainda mais a apuração dos fatos e sua autoria. Isso ocorre porque as vítimas ficam reféns de pessoas que deveriam lhes proteger. Por conta disso, a escola é um dos principais ambientes em que as vítimas buscam por socorro.
As crianças (menores de 12 anos) dificilmente tomam iniciativa de revelar, mas seu comportamento age por ela, pois nitidamente se destoa das demais crianças, quer com a sexualidade aflorada incompatível com a idade, agressividade, queda no rendimento escolar, desenhos de cunho sexual, automutilações, isolamento, tristeza, dentre outros indícios reveladores, de modo que além dos responsáveis, professores e funcionários das escolas devem estar atentos e preparados para interpretarem a linguagem corporal de pedidos socorro. 
Uma capacitação seria o ideal, onde teríamos mais condições de avaliar as supostas vítimas e trabalharem com todos os demais professores e funcionários um verdadeiro ambiente de prevenção, para que criança ou adolescente imediatamente busque a sua proteção, tão logo quando as primeiras investidas do agressor aconteçam.
Esse período de pandemia, com a suspensão das aulas presenciais, tem aumentado a nossa angústia. Em Presidente Prudente, os registros de ocorrências de crimes sexuais contra crianças e adolescentes, entre março e outubro de 2020, reduziram em aproximadamente 50%. Isso não é sinal de diminuição dos crimes, mas sim de que esses menores/vítimas estão aguardando o retorno presencial das aulas para pedirem por socorro.  
O primeiro passo na proteção das vítimas envolve a interrupção dos abusos sexuais, com a busca da responsabilização criminal do autor. Portanto, uma vez identificada a suspeita de violência, devemos o mais rápido possível acionar os órgãos de proteção, notadamente o Conselho Tutelar, instituição que tem a tarefa de fazer as primeiras diligências de cunho protetivo aos menores. 
As escolas, portanto, têm um papel fundamental na prevenção de violência contra menores. Que este dia especial de combate ao abuso e à exploração sexual contra crianças e adolescentes sirva de reflexão e alerta da sociedade em geral sobre a importância de protegê-las de forma organizada e efetiva.
 

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