O poderoso chefão

Persio Isaac

CRÔNICA - Persio Isaac

Data 16/05/2021
Horário 08:00

Três anos se passaram desde que Michael Corleone assumiu o comando da Família Corleone. Ele está mais maduro e ousado. Sente que mais cedo ou mais tarde seu casamento com Kay pode chegar ao fim. Sua ambição já não permite sentimentos românticos. Sua frieza e seu raciocínio lógico vão deixá-lo sozinho. A solidão será o seu mundo. Instalou sua família no Lago Tahoe e quer fazer incursões em Las Vegas e Havana atrás do lucro dos cassinos e do ramo de entretenimento. 
Frank Pentangeli, amigo de longa data do seu pai, está insatisfeito. Quer mais autonomia para crescer com sua família no crime organizado. Michael pede paciência. Sua vida é cheia de conflitos, ameaças, inimigos, assassinatos, traição, promessas e dinheiro. Não pode confiar em ninguém. A paranoia é uma companheira necessária nessa vida do crime. 
Hyman Roth, o mafioso judeu, quer que Michael entre no negócio dos cassinos em Havana. Michael Corleone não confia em Hyman Roth, sabe que ele quer matá-lo. Roth era amigo de Moe Greene, que foi um dos responsáveis na criação de Las Vegas. Foi assassinado a mando de Michael Corleone quando esse planejou os assassinatos das cincos grandes famílias da máfia americana. 
Moe Greene era ligado ao mafioso Emilio Barzini, que seduziu o fraco Carlos Rizzi, casado com a irmã de Michael, para assassinar seu irmão, Santino Corleone. Os homens adoram o poder. Michael está em Havana. O ano era 1959. Hyman Roth o convidou junto com outros chefes mafiosos. Espera que Michael traga sua parte em dinheiro para investir e ficar sócio nos cassinos em Havana. 
Havana é o paraíso fiscal para os mafiosos e para o turista americano. É presidida pelo ditador Fulgencio Batista, que oferece todas as vantagens aos mafiosos e, lógico, a troco de gordas comissões. Ele pouco se liga ou se interessa pelo seu próprio povo que vive na miséria. Um povo carente, desencantado, sem esperança no futuro é um prato cheio para apoiar uma revolução. Fidel Castro está liderando essa revolução. Michael está no carro passeando quando vê uma batida policial. Manda parar o carro e observa. Um pobre cidadão se livra dos guardas e pula para dentro do carro da polícia com uma granada na mão e grita: “Viva La Revolucion”. 
Michael depois desse gesto suicida percebe que o povo quer mudanças. O governo de Fulgencio Batista não vai durar por muito tempo. Está condenado pela indignação do povo cubano. Relata esse fato a Hyman Roth, que fica surpreso com a observação de Michael: Se um cidadão comum tira a sua própria vida de graça em nome da Revolução, não precisamos ser muito inteligentes para perceber que esse governo não está seguro. 
Hyman Roth tenta tirar da cabeça de Michael relatando fatos de que a história cubana sempre teve rebeldes querendo mudar o país, mas Michael está confiante no seu instinto. Ele já tinha  planejado a morte de Roth. No dia do réveillon, em 31de dezembro de 1959, o povo cubano sai às ruas sorrindo. A revolução de Fidel Castro trazia a  esperança. O povo gritava: Viva La Revolucion. Michael Corleone estava certo. "Nunca odeie seus inimigos, pode afetar seu juízo".

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