O problema é deles e nosso também!

OPINIÃO - Thiago Granja Belieiro

Data 10/03/2022
Horário 04:30

Antes de mais nada, devo dizer que estou cansado, sim, cansado dos problemas causados pela Europa a todas as partes do globo. Desde as descobertas do século XVI, quando as grandes navegações colocaram o mundo ao alcance dos navios europeus que esses só causam problemas ao mundo. A lista é gigantesca, mas a disseminação do sistema capitalista e seus corolários é talvez o mais nocivo deles.
Como derivação da dominação capitalista imposta pela Europa desde o século XVI, está o racismo, o genocídio étnico-cultural dos povos ameríndios, africanos e asiáticos; a escravidão, a dominação colonial, a imposição dos valores cristãos e civilizacionais que só pertencem, em tese, à “civilizada” Europa. A dominação do capitalismo europeu e depois estadunidense é a causa de muitos males globais.
Entre esses males, estão os conflitos militares, que sempre estiveram presentes na história, mas que se tornaram mais violentos com as disputas em torno do sistema capitalista. Foi assim que a modernidade europeia conviveu com guerras quase constantes, com o mundo vivendo suas consequências mais maléficas. 
No tragédia que foi o século XX, mais uma vez as disputas entre as potências capitalistas europeias juntamente com os Estados Unidos, contra o perigo nazista e soviético, trucidaram 40 milhões de pessoas e seus efeitos devastadores novamente se espalharam pelo globo. A bomba atômica, filha desses tempos, é a mais tenebrosa parte desse problema que era para ser deles, e que por isso mesmo, tornou-se um problema nosso. A radiação chegará até aqui em quantos dias? 
Diante disso, ainda temos aqueles que adotam um dos lados, quando todos eles estão errados. As causas dessa guerra são pra lá de estruturais e a culpa recai sobre os Estados Unidos, a Europa, a Rússia e a própria Ucrânia. Nos tempos das análises superficiais e do relativismo da pós-verdade todos estão certos e todos estão errados. Mas os cabelos loiros e os olhos azuis cheios de lágrimas e de desespero pela guerra parecem mobilizar mais a empatia do mundo, que parece esquecer dos conflitos na Síria, na África ou nas periferias brasileiras. Infelizmente, o problema deles é nosso também, ainda que não se reconheça que a recíproca é verdadeira.
 

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