O que só nos faz sofrer, mas compramos assim mesmo

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 16/05/2023
Horário 05:30

O dia a dia de cada um tem mais perrengue do que imaginamos. Muitos deles, porém, são frutos da nossa própria insistência nos erros. E não basta errar. A gente erra, percebe o erro, fica irritado, mas continua assim mesmo. 

Impressora
É só ganhar um pouquinho mais, ter uma estabilidade, que a gente vai comprar uma impressora. Só que manusear esta máquina na versão mais caseira paga todos seus pecados e de gerações anteriores. Pense em um trem que menos funciona quanto mais você precisa. O cartucho sempre queima, se queima a cor preta, nenhuma outra pega também e quando você vai trocar cada um custa o olho da cara. E como se não bastasse, ainda do nada, mas do nada mesmo, ela acenda um luz vermelha que faz tudo parar e a saída é levar à assistência técnica, que também não é nada barata. Pior: mesmo trocando, você ainda insiste em guardá-la em casa, em algum lugar que vai ficar só incomodando.

Carro com mais de dez anos de uso
Seja por necessidade ou amor, a gente vai ter uma vez ou outra um carro com mais de dez anos de uso e isso vai te custar caro. Muita coisa você sabe o porquê, mas tem uma coisa que sempre vai acontecer para nos testar. Depois de conseguir organizar todas suas contas após alguns meses de quebradeira, pagando todos suas dívidas principais, você finalmente pensa: “Ufa, vou tentar controlar as finanças agora” e seu carro vai olhar e dizer: “Há-há-há! Cê que pensa, bb!”

Processador de alimentos
O momento da compra é o mais feliz de todos! Você finalmente vai colocar em prática a sua versão Master Chef. E de fato, tudo sai picadinho, cebola, cenoura, beterraba, pepino aparecem em rodelas milimetricamente cortadas. O mundo mudou! SQN. Quando você for lavar, verá que quem inventou o processador terá que prestar contas lá embaixo antes de subir para o céu. Muitas peças, com sujeiras em lugares inatingíveis, que com o tempo, se você insistir, deixará de lado a mania de limpeza e achará normal ter um tiquinho de cenoura no cantinho da lâmina. E não vou nem salientar o fato de que este é o utensílio de cozinha que você nunca conseguirá encaixar no armário e ele ficará sempre por ali, à mostra. Tipo decoração vintage.       

Agenda
Pode ir lá contar no quartinho da bagunça ou no escritório e se indignar: você deve ter muitas agendas de papel guardadas. São aquelas que comprou ou ganhou e que apesar da motivação incrível no começo, nunca conseguiu levar a sério. No máximo, escreveu seu nome, endereço, telefone indicação de alguém para emergência. Pior: e eu que tenho uma agenda dessa que está na bolsa do notebook desde janeiro só fazendo volume? Eu não tiro de lá, porque vai que precisa...

Do It Yoursef
A pandemia nos trouxe a falsa consciência de que podíamos fazer qualquer coisa, na onda do “faça você mesmo”, ou “do it yourself”, em inglês. E lá fomos nós comprar ferramentas e todo tipo de badulaque para reformas “incríveis” em casa. Bem, incrível mesmo é o tamanho da caixa de ferramenta que tenho e que faria inveja aos melhores maridos de aluguel que existem por aí. Tudo lá entulhado, ocupando espaço, mas que como a agenda, fica pronto para a frase: “vai que precisa...”. Pior mesmo só um amigo que teve a manha de comprar uma serra elétrica para madeira e mármore. E ele mora em apartamento. 

É Darwin, evoluímos sim, mas nem tanto. 

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