Sessenta semanas ininterruptas que publico minhas crônicas de domingo. Tive a oportunidade de explorar objetos esquecidos no fundo das gavetas, escutar discos antigos, refazer leituras prediletas. Interrompi essa sequência de publicações para viver um período de absoluto repouso, enquanto circulava pelo meu organismo o terrível Sars-Covi-2, sabe lá em qual de suas variantes. Sars-Covi-2 significa, em inglês, “severe acute respiratory syndrome coronavirus 2" (Síndrome Respiratória Aguda Grave do Coronavírus 2, em tradução livre), e é o responsável pela Covid-19. Uma espécie de parente próximo de outro vírus denominado simplesmente de Sars, ele faz parte de uma família de vírus que causa muitas doenças respiratórias.
Bem, os vírus surgiram há bilhões de anos. Eles já estavam na Terra antes dos seres humanos e convivem conosco desde os agrupamentos mais antigos. Estão aí as marcas das lesões causadas por varíola em múmias andinas para nos contar a história. Ou mesmo os hieróglifos egípcios com indícios de pessoas com características físicas relacionadas com a infecção do vírus da poliomielite. Se convivemos tanto tempo com esses minúsculos agentes patógenos, por que o Sars-Covi-2 gerou tanta polêmica? Ora, ele também faz parte da pandemia da desinformação e fake news que flagela o Brasil... De fato, estamos falando da primeira circulação viral sem controle dos tempos da globalização! Causou perplexidade a velocidade da transmissão lá do centro da China para quase 200 países em apenas alguns meses.
Pois é, a Covid-19 não é apenas uma “gripezinha”, mas uma nova doença que se desenvolveu nos circuitos globais dos quais fazemos parte, queiramos ou não. E seu agente patógeno provoca muitos estragos. Sobrecarrega os pulmões, com maior gravidade nos alvéolos, gerando algumas formas de pneumonia. Febre constante, tosse seca, cansaço e dores no corpo. Mas também uma certa desorientação e desordem mental que me deram a sensação de estar retornando de uma longa viagem. Foi daí que percebi que o amor transborda por todos os lados. A começar pela Vela (o meu tudo!) que, incansavelmente, cuidou de todos os detalhes para aliviar o meu cotidiano, mesmo correndo riscos… A Dona Zete, com seu sentido materno no mapeamento de nossos passos, ainda que sem detalhes sonegados por mim. As minhas filhas, meus irmãos... Gratidão eterna pelo atendimento do Dr Alexandre Portelinha!
Agora, reencontro meus dedos no teclado. Meus olhos na tela do computador. Escrever tem sido um ato de rebeldia, de exercício da minha liberdade.