Como noticiado por este diário, ontem o surgimento de uma onça em um ferro-velho de Dracena mobilizou o trabalho do Corpo de Bombeiros local e da Polícia Militar Ambiental. Após quase seis horas de resgate, o animal foi sedado, mas devido ao estado de saúde debilitado, não resistiu e morreu a caminho do hospital veterinário. Conforme explica o 1º Sargento Robson Dinardi, da Polícia Militar Ambiental, a onça é da espécie suçuarana - mais conhecida como onça parda -, era um macho de aproximadamente 15 anos de idade. A possibilidade é que ele tenha procurado abrigo após um incêndio no Parque Estadual do Peixe ocorrido no sábado, na Fazenda Paulista em Dracena.
De acordo com o sargento da Policia Militar Ambiental, o processo de sedação do animal foi realizado por uma médica veterinária que, após a aplicação, contribuiu para retirada da onça em meio aos entulhos. Colocado em uma gaiola, passou por breves procedimentos clínicos, onde constatou que estava com alto nível de desnutrição e desidratação, devido aos dias em que ficou sem alimento e água.
Durante o percurso em que seria levado a um hospital veterinário para ser medicado, o sargento conta que o animal “parou de respirar” antes de dar entrada ao socorro. “A gente fica triste com a perda, porque mobilizou todo um trabalho específico, tanto dos bombeiros quanto dos militares que deram apoio ao resgate, para tentar tirar o animal com vida. Mas infelizmente o seu estado de saúde não possibilitou”, afirma.
Com a morte da onça, o corpo foi encaminhado à sede dos bombeiros, onde será destinado para estudos de anatomia na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Dracena.
Fuga de incêndio
O sargento Dinardi acredita que um incêndio ocorrido sábado no Parque Estadual do Peixe fez com que a onça se deslocasse pela madrugada e percorresse até a área urbana de Dracena em busca de abrigo. Ele explica que esse animal é típico da nossa região, no entanto, não comum de ser encontrado pelo fato de ter uma vida noturna. “Sempre recebemos reclamações de fazendeiros e sitiantes que ouvem barulhos do felino nos pastos. Nós sabemos que a onça está ativa por aqui”, finaliza.
Conforme explica Djalma Weffort, presidente da Apoena (Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar), a fuga de felinos para a área urbana tem ocorrido com frequência na região, principalmente com a onça parda. Dentre os fatores que podem contribuir para essa realidade, ele cita o desmatamento e as queimadas como sendo os mais agravantes. Para que haja uma mudança neste cenário, Djalma acredita ser preciso fazer o reflorestamento e recuperação do ambiente, para manter essas áreas protegidas. “Essa espécie não é agressiva, mas temos que cuidar do habitat para que não migrem para as cidades”, finaliza.