De janeiro a setembro deste ano, o ambulatório do HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, de Presidente Prudente, realizou atendimento a 54 pacientes com osteoporose, 28,5% a mais do que no mesmo período do ano passado, quando a unidade recebeu 42 pacientes. Hoje é lembrado o Dia Mundial Contra a Osteoporose, que, de acordo com o geriatra José Eduardo Soares Pinheiro, é uma doença que leva à desmineralização óssea, ou seja, uma redução gradativa do teor de cálcio dentro da estrutura óssea. Segundo ele, isso ocorre por um conjunto de fatores de risco, sendo a questão do gênero o principal deles. "A osteoporose acontece cinco vezes mais no público feminino do que no masculino, em virtude do fator menopausa", alerta.
Osteoporose ocorre 5 vezes mais em mulheres, em virtude da menopausa, diz especialista
O especialista explica que os hormônios femininos – estrógenos – ajudam na absorção do cálcio pelo osso. Sendo assim, quando a mulher entra no fim do ciclo reprodutivo, ocorre uma queda dos estrógenos, o que ocasiona a redução do processo de aproveitamento do cálcio. "Como o homem não tem esse fenômeno de queda hormonal tão abrupto, ele fica mais protegido", esclarece. Outros fatores que contribuem são idade, etnia – os orientais e os brancos têm maior predisposição para desenvolver a doença, visto que possuem uma massa óssea mais frágil –, sedentarismo e determinados hábitos alimentares, como dieta muito pobre em cálcio, mineral presente em leite e derivados, peixes e verduras de folhas escuras.
Sintomas
Conforme o profissional, a patologia provoca pouca manifestação clínica. "Na maior parte das vezes, ela é uma doença silenciosa e assintomática. Pode existir dor óssea, mas esta é mais comum em casos de artrose. Geralmente ocorre dor na fase avançada da osteoporose, quando há microfraturas no interior da estrutura óssea que estimulam as terminações nervosas", esclarece. Outro achado, segundo o médico, é a ocorrência de um achatamento progressivo dos ossos, particularmente das vértebras, que acarreta na redução da altura e no aumento da curvatura da coluna, chamada de cifose torácica. "Esses indícios ocorrem mais tardiamente, portanto, é preciso que a doença seja suspeitada e pesquisada antes de se ocorrer", expõe.
José Eduardo salienta que, nos exames radiológicos simples, quando detecta-se a desmineralização óssea, é porque já houve uma perda óssea muito grande, acima de 30% da massa. Sendo assim, o melhor exame para a detecção precoce é o de densitometria óssea. "Esse exame mede a densidade mineral do osso e permite definir se a quantidade detectada para o paciente está de acordo com a média da idade. Ele identifica a condição ainda em fase inicial, que é chamada de osteopenia", ressalta.
Tratamento
A terapêutica consiste no estímulo da atividade física, alimentação rica em cálcio, redução do consumo de café, chá, chocolate, álcool e fumo, a suplementação de cálcio e a aquisição de vitamina D. "Essa vitamina é produzida na pele pela exposição aos raios ultravioletas do sol e é ativada no rim. Esses dois mecanismos ficam mais lentos devido ao envelhecimento. Desta forma, a vitamina D é importante porque melhora a absorção de cálcio no intestino e a nível urinário", assinala. José Eduardo pontua que, nas mulheres, há o tratamento de reposição hormonal.
O médico destaca que uma das grandes preocupações desta patologia, tendo em vista que ela apresenta poucos sintomas, é a possibilidade de fraturas. "A fratura é a complicação mais grave do paciente, pois ela aumenta muito a chance de mortalidade do idoso, não só pelas complicações diretas relacionadas à questão ortopédica do trauma, mas as complicações decorrentes da imobilidade prolongada, infecções, risco de embolia após a fratura e um conjunto de limitações que deixam o idoso cada vez mais frágil, dependente e com perda da sua autonomia", explana.
