Estava aqui agora, nesse momento, pensando na fragilidade do ser humano. Alguns são sensíveis outros, muito sensíveis e, os mais resistentes. Pensei até em como descrever, metaforicamente, o quantum energético ou a “constituição” dessa sensibilidade. Como descrever uma pessoa extremamente sensível? Surgiu a ideia comparativa, do pós-parto. Nesse momento, em que o bebê deixa o útero (um continente ideal), o primordial consiste nos aspectos que envolvem a sensorialidade. O desconhecido em direção ao universo do contraste, do novo, do inusitado instala-se.
O ser humano é um mamífero totalmente dependente, principalmente nessa fase e por alguns anos. O mundo externo o aguarda. E o bebê, em total dependência absoluta, aguarda que esse universo externo seja a extensão do universo interno em que o embalava (útero). Assim, tão sensível, o ideal é que a luz externa seja igualada como foi no útero, assim como o ambiente e a temperatura climática. O som nem baixo e nem alto é o que o bebê solicita. Afinal, ele gostaria que tudo seguisse e fosse a extensão do que viveu durante nove meses.
Essa é a forma que encontrei para metaforizar a sensibilidade. É como uma película bem fininha e tênue feito o ovo ou a membrana entre a clara e a gema. Eles demandam um cuidado extremo com relação às formas de abordagens, de serem olhados, conjecturas, tom de voz, ritmo, tempo e espaço. Há os mais velozes, os mais lentos, que demandam certo tempo para “digerir” estímulos que suscitam de dentro e os que chegam de fora. Afinal, temos além do somático, o psiquismo e, assim, o universo interno e o externo.
Todos temos o nosso tempo. É preciso feeling, sintonia, sentimento e intuição no encontro com o outro. O bebê ao nascer dirige-se ao seio da mãe, pois sabe que encontrará um leitinho quentinho e compatível com o que pode receber. O bebê terá em seu benefício o tempo para desenvolver o seu sistema digestivo, para poder receber como alimento, um pedaço de carne. Que todos possamos constituir pares durante a nossa trajetória, em que o respeito e a sensibilidade sejam um ingrediente constante. Todos precisamos de oxigênio.