Pacificadores há 82 anos

OPINIÃO - Durval Neto

Data 02/11/2021
Horário 05:00

Louvores a Marcondes e a Goulart, que aqui vieram para desbravar, este rincão, do meu coração, cantando em prosa e verso, hoje nesta canção. Assim se inicia o hino da bela cidade que homenageia o presidente Prudente de Morais, fundada em 1917.
Seu desenvolvimento foi natural. A construção da pequena estação ferroviária, em 1919, trouxe movimentação ao município, que já englobava os povoados, quase rivais, da Vila Goulart e da Vila Marcondes.
Em 1921, o Estado promoveu, por solicitação das vilas, a criação de um novo Distrito Policial, conferindo à cidade um novo status na região. O avanço trouxe desafios administrativos, dos quais os Coronéis Marcondes e Goulart não ficariam de fora. Iniciou-se, então, a disputa pelo cargo de administrador da cidade.
A disputa política entre Goularistas e Marcondistas marcou a década de 1920, com alternância de administrações e visões distintas sobre o uso das terras.
Nos anos seguintes, as administrações coronelistas apresentaram mudanças. Em 1936, uma lei promulgada pela administração do prefeito Brizolla trouxe a isenção de impostos, com o intuito de estimular a construção no quadrilátero central da cidade, por parte dos particulares.
Nesse período, o município passou a ter calçamento, muros, construiu-se o Paço Municipal, o Mercado Municipal e surgiram as primeiras obras financiadas pelo governo do Estado: Grupo Escolar, água e esgoto, prédio para o Fórum, entre outros (Silva; Costa, 2013).
Com o crescimento, elevaram-se ainda mais os ânimos dos dois grandes administradores da cidade. Na mesma época, um fazendeiro que herdara dos pais propriedade de terra deixou suas glebas para tornar-se um itinerante mensageiro de Deus na região. Reverendo Coriolano Dias de Assumpção, além de pastor presbiteriano itinerante, também foi vereador da cidade.
Como pastor presbiteriano e vereador, convicto do propósito da fé e do serviço público, em sua sabedoria, desempenhou papel fundamental na pacificação dos dois grandes coronéis fundadores de Presidente Prudente, contribuindo para a harmonia e unidade do povo prudentino dos primórdios.
Seu filho, também pastor presbiteriano, Rev. Celso de Assumpção, foi o primeiro pastor da Igreja Presbiteriana de Presidente Prudente, fundada cerca de três anos depois desse período.

Um trecho da ata de fundação da igreja diz: “Aos doze dias de novembro de mil novecentos e trinta e nove, às nove horas e meia, numa das salas do salão de cultos à Avenida Antônio Prado, nº 74 (Av. Washington Luiz, nº 534, atualmente), da cidade de Presidente Prudente, Estado de São Paulo, reuniu-se a comissão do Presbytério de Botucatu, encarregada de organizar em igreja, a Congregação Presbyteriana, ali existente”.
Desde então, portanto, há mais de 82 anos, a Igreja Presbiteriana tem buscado a paz da cidade. Para esta comunidade de fé, o que une os prudentinos é maior do que aquilo que os tenta dividir. O bem-estar, a união, o serviço cristão e o amor fraternal são maiores do que as disputas e as vaidades, que tão mal fazem ao povo da querida cidade.
No dia 12 de novembro de 2021, a Igreja Presbiteriana de Presidente Prudente completa 82 anos de busca pela paz da cidade.
“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” Jesus Cristo, em Mateus 5.9.

 

Publicidade

Veja também