Páginas em branco

OPINIÃO - Marcos Akira Mizusaki

Data 26/07/2022
Horário 04:30

Sobre uma folha em branco, podemos fazer infinitas figuras, desenhos ou textos. De acordo com a nossa inteligência, habilidade ou talento, teremos das mais variadas imagens e textos, ou até, simplesmente nada. Assim também é a vida, pois diariamente, estamos escrevendo (desenhando) a nossa história nos aspectos individuais, familiares e coletivos. 
Quando nascemos, o nosso cérebro funciona como folhas em branco. Ele está preparado para receber todas as informações necessárias que servirão de alicerce para o futuro. Portanto, quanto mais for estimulada uma criança, mais páginas preenchidas terão seu cérebro, contribuindo para sua inteligência, habilidade, talento e, por consequência, instrumentos para escrever a sua própria história, o seu futuro.  
Infelizmente, muitas crianças são penalizadas no seu desenvolvimento educacional, deixando seu cérebro com “milhares de páginas em branco” por questões multifatoriais. Como já tivemos oportunidade de pontuar em artigo anterior, estas páginas em branco, por gastarem muita energia, parte delas acaba sendo desconectada por um sistema chamado “podas neurais”, mutilando milhares de neurônios que estavam à disposição e que não foram utilizados. A consequência disso é que seu estímulo tardio não tem a mesma desenvoltura quando fomentada na idade correta, tendo em vista que o cérebro terá que buscar um outro espaço para novas habilidades. 
Mas não é só. Pior de não serem preenchidas, ocorre quando as crianças e adolescentes têm suas páginas escritas com informações erradas, provocadas muitas vezes por ações de criminosos, que estimulam estes jovens à prática de delitos; pode também acontecer quando são vítimas de violência, abandono, omissões dos pais (ou responsáveis), ou quando caem no mundo das drogas, acarretando sérios traumas ou danos, cujas páginas dificilmente serão apagadas de suas vidas. 
No Brasil, nascem mais de 2.600.000 crianças por ano. São, portanto, bilhões de páginas em branco, esperando que sejam preenchidas com habilidades, talentos e informações que assegurarão o seu pleno desenvolvimento. 
Essa é uma tarefa que compete à família, à sociedade e ao Estado. Estes têm o dever preencher estas páginas em branco, para garantia de sua independência quando adulta. Com isso, estamos assegurando que cada um venha escrever sua própria história, e que não tenham em suas vidas, apenas páginas em branco. 
 

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