Palmas de heróis para heróis

Quando saem da UTI, os pacientes ainda precisam de auxílio médico para retomarem a vida normal

PRUDENTE - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 16/08/2020
Horário 05:04
Cedida: Profissionais de saúde trabalham sob pressão e desgaste para salvar vidas durante a pandemia
Cedida: Profissionais de saúde trabalham sob pressão e desgaste para salvar vidas durante a pandemia

Tornaram-se recorrentes as cenas de pacientes deixando a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) sob aplausos dos profissionais de saúde que durante semanas dedicaram-se à exaustão para tornar aquele momento possível. De outro lado, vê-se nos vídeos, que as redes sociais deste próprio jornal já veicularam, os agradecimentos dos recuperados estampados em seus olhares. Estes momentos representam mais uma vitória frente à pandemia, mas a luta, apesar de ganha, não termina aí.

“Ao regressar da UTI, após vários dias, muitas vezes sob sedação, o paciente retorna sonolento, com fraqueza muscular, às vezes com dificuldade para deglutir e até mesmo para falar, mas a melhora é progressiva e rápida, e o paciente e os familiares começam a entender a vitória alcançada e isso faz com que sua melhora seja mais rápida. Tudo isso vem junto com uma nova expectativa sobre a vida”, afirma o médico infectologista Alexandre Portelinha, que atua com os pacientes de Covid-19, antes e depois de serem encaminhados para terapia intensiva.

Obstáculos: Antes, durante e depois

O médico intensivista e coordenador da UTI do Hospital Iamada, Marcelo do Valle, 49 anos, ressalta algumas dificuldades e obstáculos que enfrenta durante a pandemia: houve períodos com falta de remédios para intubação e sedação. O problema da falta de insumos, na verdade, vai além das portas da UTI e atinge em cheio a gestão de hospitais de todo o Brasil.

A consultora de serviços de saúde, que dá suporte à diretoria executiva do Iamada, Ivete Assef Fernandes, afirma que a rede privada de saúde sofreu impactos financeiros significativos desde o início da pandemia e da política de isolamento social e consequente diminuição de atendimentos. “Existe um risco de o cidadão deixar de procurar a instituição quando precisa. Aumenta a possibilidade de chegar ao hospital em situação mais crítica, mais deteriorada, que torna mais difícil o atendimento, como no caso de um infarto, por exemplo”, explica.

“A rede privada só possui recursos próprios e se deparou com um mercado com dificuldade de abastecimento, oferta inflacionada, difícil de conseguir EPIs [Equipamentos de Proteção Individual], sedação. Há impacto, pois o paciente não pode ficar sem assistência. Há medicamentos inflacionados em 900% e não deixamos de comprá-lo quando o encontramos”, completa Ivete, que destaca os bons resultados do Iamada mesmo mediante ao contexto complexo – 84,4% de sobrevida dos pacientes graves com Covid-19.

“O paciente e os familiares começam a entender a vitória alcançada e isso faz com que sua melhora seja mais rápida, tudo isso vem junto com uma nova expectativa sobre a vida”
Alexandre Portelinha

 

 

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