Pandemia acelera demanda por profissionais de TI e inovação 

Conforme diretor da FIPP, cenário se justifica, em boa parte, pela adaptação das empresas ao home office e ao universo digital no período

PRUDENTE - OSLAINE SILVA

Data 22/04/2021
Horário 04:00
Foto: Freepik
stimativa para 2024 é que serão cerca de 300 mil vagas em aberto na área de TI e inovação
stimativa para 2024 é que serão cerca de 300 mil vagas em aberto na área de TI e inovação

O governo de São Paulo publicou uma matéria mencionando que nem a pandemia nem a crise econômica foram capazes de arrefecer o mercado de TI (Tecnologia da Informação). Segundo especialistas do CPS (Centro Paula Souza), a demanda por profissionais é grande e a expectativa é de que continue em alta nos próximos anos. Na verdade, de acordo com o diretor da Fipp (Faculdade de Informática de Presidente Prudente), da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Moacir Del Trejo, isso já vinha ocorrendo bem antes da pandemia. “Com a pandemia houve uma aceleração do aumento de demanda por profissionais de TI e de inovação, em boa parte, porque ela forçou a maioria das empresas a se adaptarem ao home office e ao universo digital, já que estavam atrasadas para a transformação digital em seus processos e serviços”, expõe o diretor.
No entanto, essa necessidade crescente de mão de obra qualificada contrasta com um número insuficiente de profissionais formados a cada ano. De acordo com um estudo feito pela Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), por ano, o Brasil forma 46 mil pessoas no ensino superior com perfil tecnológico. Ocorre que, até 2024, o país precisará de 70 mil profissionais anualmente. 
Segundo Del Trejo, de fato, o número de profissionais se formando todos os anos é insuficiente para suprir a demanda das empresas. E ele vai além, mencionando que, imagina-se que poderá haver um colapso nas áreas de TI e inovação no período pós-pandemia não pela falta de vagas, mas pela falta de mão de obra qualificada. 
O diretor cita que constata-se essa contradição: num país com 14 milhões de desempregados há esse apagão na área de TI, ou seja, quantidade de pessoas que se qualificam é menor que o número de vagas abertas em TI.  E menciona que, segundo Fernando D"Angelo (Canaltech), o número de vagas em TI era 100 mil. No final de 2021 aproximará de 200 mil vagas. A cada ano, o déficit vai aumentando de 30 a 40 mil vagas. Estimativa para 2024 é que serão cerca de 300 mil vagas em aberto.
“Já na área de inovação, que é uma carreira nova que exige uma qualificação ampla, mais moderna e diferenciada, está em formação um corpo de profissionais. Os primeiros estão chegando ao mercado e são amplamente disputados pelas empresas”, exalta.

O que explica este cenário?

Para Del Trejo, inúmeros são os fatores que poderiam ser considerados para explicar esse cenário. Mas o fato é que com a demanda muito maior que a oferta de mão de obra qualificada, há muitos profissionais, por exemplo, na área de programação, que estão em um “nível júnior de conhecimento, que ganham como pleno e pensam que são sênior”, o que demonstra um pouco das distorções que vêm acontecendo por conta desse apagão. “Esse cenário potencializa o desenvolvimento de sistemas com alto grau de problemas e bugs, e um grande número crescente de profissionais da área com estafa física e mental extremos, aumentando a seriedade desse apagão. Para o médio e longo prazo é investir em capacitação de novos profissionais para o setor [não há milagres]”, frisa. 
Deltrejo acrescenta que a TI e inovação não exigem formação acadêmica como médicos, engenheiros e outras carreiras, mas que o profissional possua habilidades e capacidades bem específicas, como facilidade de acompanhar e desenvolver raciocínios lógicos, alto poder de abstração e conexão de ideias, afinidade com análise de dados e capacidade de compreender e criar processos eficientes, entre outros. 

"Grandes barreiras"

O diretor acentua que esses fatores indicados são grandes barreiras para a entrada rápida de profissionais nas áreas de TI e inovação. “Em se pensando no ensino superior, durante e/ou após a conclusão do curso, há que se complementar essas habilidades/competências citadas ao longo dos anos. Muitas vezes, elas são trabalhadas desde crianças, tornando-se parte da nossa essência como pessoas [essential skills]. Portanto, seja por questão de afinidade ou por dificuldade, há enorme evasão e déficit de profissionais na área”, enfatiza.
Para o curto prazo, ele pontua: tudo indica que o apagão não será resolvido e as empresas terão de conviver com esse cenário talvez por muitos anos. Para passarem por esse período com êxito, as empresas precisam capacitar e potencializar os profissionais dos seus quadros: investir em treinamentos e planos de carreira e em elaboração de ambientes com uma abordagem mais humana, centrada nas pessoas.

Escalada de investimentos

Del Trejo destaca que o fato do caminhar para um mundo cada vez mais digital, não só exige que empresas invistam mais em tecnologia, como já há a intenção, como demonstra uma pesquisa da BRAngels/HSM-Learning Village/First sobre "Cenário econômico pós-vacina: O que podemos esperar dos negócios?", com 320 empresas (07/04/21), o qual constatou que 56% delas sinalizam ampliação de investimentos em TI e 25% e inovação; 37% estão dispostas a investir em “venture capital”; e 47% estão dispostas em fazer investimentos-anjo no pós-pandemia.
“A tendência é que haja uma escalada de investimentos em startups e negócios disruptivos para manter a competividade, já que novas demandas aparecem no dia a dia, sendo importante a busca por soluções inovadoras”, pontua o diretor da FIPP.

Foto: Cedida

Del Trejo: “Número de profissionais é insuficiente para suprir a demanda das empresas”

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