Pandemia e o sistema prisional

EDITORIAL -

Data 11/06/2020
Horário 04:00

Moacir Batista, 58 anos, agente penitenciário e morador de Adamantina. Tânia Magali Oliveira da Silva, 54 anos, policial penal e moradora de Presidente Prudente. José Rodrigo Ferreira, 39 anos, policial penal e morador de Martinópolis. Eder César Luiz, 38 anos, agente penitenciário e morador de Santo Anastácio. O que todos eles têm em comum? Eles e demais vítimas da região morreram acometidas pelo novo coronavírus. Ambos deixaram para trás a carreira e o mais importante, a família. Ontem, a partir de informações fornecidas pela própria categoria, o Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo) apurou que a região de Presidente Prudente é a que mais registrou contágio pela Covid-19 em servidores penitenciários, com 73 casos positivos. Em um comparativo com as demais regiões analisadas pelo sindicato, a de Prudente é a que apresenta os piores números no Estado. Com todos esses registros, no entanto, carecem de medidas mais eficazes a fim de que se evite a contaminação pelo vírus dentro e fora dos presídios locais.

Recentemente, a reportagem entrou em contato com a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) que informou por meio de nota, que, o órgão vem atuando intensivamente para a proteção dos servidores na atual situação de pandemia e não concordou com a apuração do sindicato. Mesmo com o número de infectados que cresce a cada dia, sendo seis somente nas duas últimas semanas, segundo dados do Sifuspesp, a pasta descreve que: “Foram adotadas diversas medidas, como a restrição de entrada de pessoas nas unidades prisionais e a ampla distribuição de Equipamentos de Proteção Individual, especialmente máscaras reutilizáveis, além de álcool gel e outros insumos de proteção". A SAP afirmou ainda que a testagem em massa da população carcerária paulista foi planejada por órgãos técnicos da área de saúde e contempla os servidores do sistema prisional, bem como os custodiados, em sua segunda fase, com início previsto para os próximos dias.

No entanto, desde o início dos casos confirmados da Covid-19 em presídios regionais, este periódico acompanha o balanço das notificações, especialmente, àquelas que levaram os profissionais a óbito. E, em todos eles as famílias clamam por medidas mais eficazes, lamentam a ausência de hospitais de campanha, e choram a perda de um ente querido. O que se tira de experiência é que não existe mais fortaleza que detenha um vírus a qual é capaz de matar àqueles que garantem a segurança e força de um Estado e, principalmente, o sustento familiar ao expor suas próprias vidas. Para tanto, estes profissionais não merecem apenas uma nota de pesar, mas a segurança de um Estado.

 

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