Para economizar insumos, setor evita desperdício de alimentos

Estabelecimentos procuram fazer quantidade suficiente para alimentar clientes, visando também promover consciência ambiental

PRUDENTE - IZABELLY FERNANDES

Data 21/11/2018
Horário 08:21
Marcio Oliveira - Neide procura reformular receitas com sobras de alimentos prontos
Marcio Oliveira - Neide procura reformular receitas com sobras de alimentos prontos

Em aspectos econômicos, ambientais, e, principalmente, humanos, o desperdício de alimentos é algo que deve ser evitado. Em matéria publicada pela “Agência Brasil”, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, os alimentos mais jogados fora na casa da família brasileira são: arroz, feijão, carne vermelha e frango. O cenário não é diferente quanto se trata de estabelecimentos do setor gastronômico. Para evitar essas situações, o presidente do Sinhores (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Presidente Prudente e Região), Rubens Afonso, afirma que estes locais possuem um cuidado para não haver desperdício dos insumos, pois visam aderir a uma boa gestão econômica dos alimentos oferecidos, colocando somente o suficiente para alimentar os clientes.

“Para não gerar prejuízo no negócio, há uma consciência muito grande, tanto econômica como ambiental, para que haja o mínimo possível de descarte”, pontua o sindicalista. Rubens explica que, mesmo com o esforço, o descarte é “natural” no dia a dia destes locais, pois alguns alimentos são muito perecíveis e não possuem a possibilidade de congelamento. “Acho que utilizar comida de forma consciente seja o melhor caminho para driblar o desperdício”, declara.

O representante conta que, por parte dos clientes, os restos deixados em pratos não são mais tão significativos, pois, hoje, a maioria dos bares, restaurantes e similares trabalham com comida por quilo ou pratos de diversos tamanhos, podendo ser do gosto do freguês. “Essa é a melhor opção para o cliente, que só paga por aquilo que acredita que vai conseguir consumir, evitando o consumo exagerado”, explica.

Além disso, Rubens acredita que deveriam existir ações de conscientização do consumo de comida, ou até mesmo dicas de reaproveitamento de alimentos. “A gente vive num momento em que não faltam alimentos para as pessoas, mas, mesmo assim, elas estão com fome. Por isso, temos que adquirir uma consciência econômica e de compartilhamento de alimentos, para que esse problema cesse”, salienta. 

Em casa

O professor de Gastronomia da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Lucas Ferreira Santiago, orienta que há diversas alternativas de reutilização de determinados alimentos, além de formas de gestão alimentar que podem ser aderidas por famílias e estabelecimentos do ramo alimentício. Ele diz que, hoje, basicamente 30% do que colocamos no prato acaba indo para o lixo, por isso falta bom senso da população para o uso desta matéria-prima. “O ideal é servir menos para evitar as sobras, pois o que fica na panela ainda consegue ser reaproveitado”, fala.

Lucas explica que o principal segredo nos lares é o armazenamento dos alimentos, e orienta que eles devem ser guardados em vasilhames bem lacrados, de preferência em potes de vidro, devendo ser consumidos após, no máximo, 48 horas de preparados. “O fator crucial para os alimentos prontos é, após a refeição, levar para a geladeira, mesmo que ainda esteja quente, pois o tempo que ele levaria para esfriar fora na geladeira pode contribuir para a proliferação de bactérias”, explica. 

O especialista fala que deve ser realizada uma gestão das sobras, trabalhando um cardápio que adeque os restos em receitas atrativas. “Aparas de carne ou legumes não precisam ser jogadas fora, pois podem ser utilizadas em sopas, molhos, risotos e demais preparações”. Outro ponto ressaltado por Lucas é a gestão das compras, que deve ser pautada em um planejamento da quantidade adquirida. “O ideal é fazer compras a cada dois dias, para conseguir produtos frescos e evitar o abarrotamento de alimentos dentro da geladeira e armários”, frisa.

Neide Rodrigues Nascimento, 54 anos, é dona de casa e conta que nada é esbanjado e desperdiçado em seu lar. Segundo ela, todos os restos de alimentos são reaproveitados, sendo reformulados em novas receitas, para dar um novo sabor. “Quando sobra arroz, por exemplo, eu coloco milho ou ervilha. Carnes também, geralmente, acabo fazendo uma farofa ou algum refogado com mais algumas coisas”, conta.

A dona de casa explica que costuma fazer compras pelo menos uma vez por semana, adquirindo somente o necessário, para que os alimentos não sejam armazenados por um longo período de tempo. “Aqui em casa sempre foi assim. Além de acabar fazendo economia, também adquirimos uma consciência de que há outras pessoas passando fome e que não podemos jogar fora alimentos que, muitas vezes, estão em ótimas condições de consumo”, pontua.

DICAS DE ARMAZENAMENTO

- Hortifrutis: As folhas devem ser colocadas no máximo a até 8°C dentro da geladeira, um saco plástico, pois não são adaptadas ao clima muito frio e acabam se queimando;

- Legumes e raízes: Possuem maior durabilidade, mas podem variar de acordo com o tipo. Devem ser armazenados na geladeira, devidamente lavados, adequando os mais pesados em baixo e os mais leves em cima;

- Alimentos prontos: Devem ser colocados na geladeira, de preferência em potes de vidro, com tampas bem fechadas. Após as refeições, devem ser colocados diretamente na geladeira, mesmo que ainda estejam quentes.

Fonte: Lucas Ferreira Santiago

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