Para Não Dizer que Não Falei de Estátuas

O Espadachim, um cronista conhecido em várias partes do universo, todas elas no planeta Terra (à maneira do Millôr)

OPINIÃO - Sandro Villar

Data 01/07/2020
Horário 04:30

Parece que está na moda destruir estátuas de certas figuras históricas, como já ocorreu, principalmente, nos EUA e na Inglaterra. Nem Cristóvão Colombo foi poupado, logo ele que descobriu a América. Ele foi acusado de matar índios. Que eu saiba, pelo menos três estátuas de Colombo vieram abaixo e uma foi "degolada" nos EUA.

Por aqui já pensaram em destruir estátuas de Pedro Álvares Cabral. Devagar com o andor, rapaziada! Cabral era apenas um navegador, comandante de uma esquadra de 13 caravelas. Apenas um descobridor que não praticou atos abomináveis, como escravizar ou matar índios. Também não estuprou índias. Preferiu ir para as Índias.

É uma tremenda injustiça destruir estátuas de Cabral, o descobridor do Brasil. Ideia de jerico, como também é ideia de jerico querer derrubar estátuas dos bandeirantes, acusados de atrocidades contra índios e escravos.

É uma barbaridade o que os bandeirantes fizeram, não se justifica essa barbaridade para conquistar terras e, com isso, aumentar o território brasileiro. É preciso reconhecer que, sem as expedições dos bandeirantes, o Brasil seria, hoje, apenas uma faixa de terra litorânea.

Graças a eles o país é um dos maiores do mundo, ocupando a maior parte da América do Sul. Mérito para os bandeirantes, que se embrenharam no mato com a cara e a coragem. A estátua do Borba Gato, em São Paulo, está protegida pela Guarda Municipal. Bobagem querer destruir a estátua, a não ser que fique provado que Borba estava mais para onça do que para gato.

Se a estátua é de um sujeito comprovadamente racista e escravocrata seu lugar é o lixo da História. Tem mais é que derrubar, como fizeram com um contrabandista de escravos na Inglaterra. Estátuas de ditadores e torturadores, muitas vezes homenageados com nomes de escolas e ruas, também devem ser destruídas.

Mais do que desprezo, essa gente também deve ir pro lixo da História. É o fim da picada homenagear facínoras da pior espécie, coisa que volta e meia acontece no Brasil.

Ainda nos EUA, uma comissão do Partido Democrata do condado de Orange, no Sul da Califórnia, cismou com o ator John Wayne, uma lenda do cinema e o maior cowboy dos filmes de faroeste. Acusam Wayne de ter dado declarações racistas durante uma entrevista em 1971, se não me engano para a revista "Playboy".

Querem que o aeroporto local deixe de se chamar John Wayne, que também dá nome a outro local público em Orange. É bem verdade que John Wayne era ultradireitista e ferrenho republicano. Tinha a maior bronca dos comunistas.

Mas, Deus do céu, o que importa são os personagens inesquecíveis de John Wayne em filmes como, por exemplo, "Depois do Vendaval", "Onde Começa o Inferno", "Álamo" e "Rastros de Ódio". Em tempo: cineastas franceses de esquerda amam John Wayne. Pois é, os rastros de ódio precisam ser apagados. Não dá para tocar a vida a ferro e a fogo.

 

DROPS

 

Quem ama o feio deve achar que também tem bom gosto.

 

Filme da Semana no Cine Brasil: “Bandidinhos Vagabundos”, do diretor estreante Santos Cruz.

 

E o Decotelli? Parece que está com o decote cada vez mais curto.

 

Estamos todos no “Titanic”? Parece que sim e o pianista é o Guedes.

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