Pois é, esta já é a semana da Páscoa de 2023 e está todo mundo naturalizando que já chegou abril e que logo mais será julho, com as férias escolares e de repente, quando menos percebe, tem panetone no supermercado.
Estou exagerando, meus amigos? Talvez, mas é sério: essa nossa mania de não prestar mais atenção no tempo passando ainda vai nos trazer muitos prejuízos, especialmente aqueles que mais doem que são os que atacam nossa alma, nosso coração.
Desde 1994 e mais especificamente 1995 aqui no Brasil que a internet instituiu em toda sociedade uma nova lógica temporal. À medida que a tecnologia digital foi crescendo, diminuíram nossas capacidades de aproveitar o tempo da maneira que ele merece, ou seja, de saborear os momentos mais importantes.
O problema é que o mundo digital e toda sua parafernália nos colocou dentro do chamado tempo do endividamento, ou seja, fazemos tanta coisa ao mesmo tempo, assumimos tantos compromissos de estar em um lugar, mandar alguma mensagem, fazer algo online ou não, que ao deitar em casa à noite sempre temos a sensação de que estamos devendo algo a alguém.
Sim, sempre ficaram para trás uma mensagem, a visita na casa da tia que você combinou no grupo da família, o futebol com o filho, o cinema com a filha, preencher aquele relatório, ver a série “mais espetacular de todos os tempos daquela semana” na Netflix, porque semana que vem já haverá outra e você ficou devendo e por aí vai.
Devemos e corremos e quando nos damos conta o tempo passou, a semana acabou e nem dá tempo mesmo de dizer #sextou porque o domingo chega mais rápido do que a nossa capacidade de curtir bons momentos em família, com amigos ou sozinho mesmo. Há quanto tempo você não tira um momento só seu porquê no sábado à tarde tem alguma coisa, à noite não dá para faltar não sei aonde, no domingo tem a família, a igreja, o futebol da tarde e pronto, tchau?
E aí não adianta depois também, quando uma tragédia acontece ficar dizendo que poderia ter feito isso ou aquilo. Pessoas que amamos podem partir num piscar de olhos, nós podemos desaparecer assim, como mágica. Podemos dormir e não acordar, quem sabe?
Ricos ou pobres, com posses ou sem, morando em um lugar maravilhoso ou não, todos nós recebemos de Deus as mesmas 24 horas do dia. Ou seja, quando o Bill Gates acorda, ele terá pela frente a mesma quantidade de horas que você, que não é o dono da Microsoft. Então, que tenhamos sabedoria para saber dar um freio nesta loucura que nós mesmos criamos para ver o mundo um pouco mais devagar, com a calma que ele merece ser visto. Antes das férias chegarem. Antes dos panetones lotarem as prateleiras.
