Peça traz reflexão sobre a relação da mulher com sua própria sexualidade

Os Monólogos da Vagina, produzido em mais de 150 países, chega neste fim de semana no César Cava de PP

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 26/07/2013
Horário 09:33
 

Neste sábado e domingo, às 21h e 20h, respectivamente, o Teatro César Cava, de Presidente Prudente, recebe um espetáculo de sucesso mundial tanto de crítica, quanto de público. Trata-se da comédia que chega aos seus 13 anos no Brasil "Os Monólogos da Vagina", produzido em mais de 150 países e traduzido para mais de 50 idiomas. A peça é mais uma produção local da Nogueira Produções e Eventos, de Anselmo Nogueira, com apoio cultural de O Imparcial.

Jornal O Imparcial No palco, elas interpretam depoimentos de mais de 200 mulheres entrevistadas pelo mundo

Com adaptação e direção do texto de Miguel Falabella, direção de elenco de Imara Reis e Lena Roque e produção de Cássio Reis, o espetáculo conta com um novo elenco, formado por Cacau Melo, Adriana Lessa e Gabriela Alves Toulier. Em fevereiro deste ano, esteve por três meses em temporada no Rio de Janeiro e agora circulando por várias cidades brasileiras chega a Presidente Prudente.

No palco, as atrizes interpretam depoimentos verídicos de mais de 200 mulheres entrevistadas pelo mundo afora pela autora norte-americana Eve Ensler. De acordo com as intérpretes, que conversaram com a reportagem, por telefone, muito mais que um espetáculo teatral, considerado um clássico, "Os Monólogos da Vagina" traz textos extremamente humorados e divertidos que abordam de forma direta e livre de qualquer preconceito, uma reflexão social profunda sobre a relação da mulher com sua própria sexualidade.

Segundo as atrizes, em cena elas fazem um resgate da feminilidade, trazendo à tona o delicado universo feminino, como o sexo, relacionamentos, violência doméstica, estupro, assédio moral e sexual na rua, em casa, no trabalho, entre tantas outras situações de vulnerabilidade que elas enfrentam no dia-a-dia.

Elas revelam que muitas pessoas deixam de ver a peça pela leitura que fazem do título. Acham que verão muito "besteirol" e não é nada disso. "Quem vai ao teatro se surpreende, pois são pegos pelo tornozelo". Outra coisa interessante que frisam é que o espetáculo não é direcionado apenas para as mulheres, mas especialmente para filhos, maridos, namorados, amigos, enfim para os homens. "Muitas vezes, no final da apresentação, homens vêm até nós agradecer pela mensagem. Os esclarecimentos sobre a mulher. Eles entendem que todos nós viemos ao mundo através de uma mulher! Reconhecem a importância delas e o quanto merecem respeito. O legal é isso, a peça cumpre seu papel unindo o homem à mulher", enfatizam.

Pela primeira vez na cidade, as atrizes confessam que cada apresentação sempre dá o friozinho na barriga, mas a sincronia entre elas no palco e o contato com o público faz o espetáculo acontecer maravilhosamente. "Já na primeira cena nos apresentamos ao público de forma que percebam que estamos juntos para nos divertir e também aprender algo novo. Não percam, vale a pena. Se vocês estão preocupados com o que verão, nós também em nos apresentarmos com a qualidade que o texto merece. Esperamos todos lá", convidam.

 

Grito libertador

Para as atrizes do novo elenco, Eve Ensler foi astuta e teve a sagacidade de contar sua própria história e de tantas outras mulheres explorando questões que não eram muito faladas. Em uma conversa com as amigas, ela percebeu que neste meio tinha a liberdade para expor tantos assuntos e desmistificar, quebrar tantos tabus. Certa vez, em uma entrevista, a autora disse que "o fortalecimento das mulheres na sociedade está diretamente ligado à sua sexualidade. Eu fico indignada com o fato de mulheres serem violentadas e estupradas e com incesto. Todas estas coisas estão profundamente ligadas às nossas vaginas".

O propósito do espetáculo que era tão simplesmente celebrar a feminilidade tomou proporções talvez nem esperadas. Nascendo um gigantesco movimento mundial para acabar com a violência contra as mulheres. Surgindo o movimento "1 Billion Rising" ("Um bilhão que se ergue").

"A partir desse espetáculo, a Eve abriu um leque de possibilidades para ela e mulheres do mundo todo. Aqui mesmo está mascarado, é claro, mas, todos sabem como é grande a violência física, psicológica, verbal que as mulheres sofrem o tempo todo. Que haja mais respeito e igualdade entre homens e mulheres", desejam.

A repercussão e aceitação do espetáculo foram expressivas, sendo inclusive apresentado em países islâmicos, como Egito, Indonésia, Bangladesh, Malásia e Paquistão.

 

Produção brasileira

Ao assistir a peça, quando interpretada pela própria Eve Ensler, em Nova Iorque, ator e produtor Cássio Reis não teve dúvida alguma que estava diante de um espetáculo que seria um grande sucesso. Em 1998, ele então adquire os direitos para a produção nacional. E em 7 de abril de 2000, numa realização da Phoenix Produções Artísticas, no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro, estreia no Brasil este fenômeno na área teatral obtendo um sucesso impressionante.

Segundo as artistas, a genialidade de Falabella o colocou como o primeiro diretor no mundo a escalar três atrizes para encenarem, ao mesmo tempo, as narrativas das entrevistas originais de Eve Ensler. A pedido dela mesma, que esteve presente na estreia brasileira, essa concepção foi adotada mundialmente em todas as produções e permanece até hoje.

Após dez anos, depois de ser visto por mais de 2 milhões de pessoas, decidiu-se por uma curta pausa para descanso e reestruturação do espetáculo. Em 2012, ainda com a mesma concepção e direção de Falabella, mas com novos figurinos, mais leveza e modernidade no cenário, além da utilização de tecnologia de projeções na montagem, reestreou em 30 de março. E como sempre com um elenco de primeira linha.

Adriana já vem de outras temporadas, Cacau esteve no elenco em 2008 e retornou no ano passado, Gabriela Alves está há menos de um ano. "Com diversão garantida e totalmente atual com a mensagem contida nas entrelinhas em cada cena do texto, o espetáculo está ai vivo e cada vez mais forte", comemoram.

 

Reconhecimento

Segundo as atrizes, a oportunidade de encenar com muito carinho e respeito todos esses depoimentos reais de mulheres que tornaram essa obra possível é uma honra. Entre os nomes brasileiros que já deram vida a essas personagens aparecem Zezé Polessa, Cláudia Rodrigues, Cissa Guimarães, Fafy Siqueira, Totia Meirelles, Bia Nunnes, Lúcia Veríssimo, a mãe de Gabriela, Tânia Alves, Elizângela, Mara Manzan e Maximiliana Reis, entre outras. Lá fora, em apresentações beneficentes, constam em seu cast estrelas consagradas de Hollywood, como Jane Fonda, Susan Sarandon, Glenn Close, Melissa Etheridge, Whoopi Goldberg e Oprah Winfrey.

Irradiantes, as atrizes comentam que por onde o espetáculo passou, esgotou os ingressos em todas as apresentações rendendo vários prêmios como Qualidade Brasil Melhor Espetáculo (Rio e São Paulo), Melhor Direção (Rio e São Paulo) e Melhor Atriz (Zezé Polessa). Em Nova Iorque, o texto de Eve Ensler ganhou o prêmio Obie Award, na categoria Melhor Espetáculo Inédito.

 

Experiência positiva

A experiência de Eve Ensler atuando em "Os Monólogos da Vagina" a inspirou na criação do "V-DAY", um movimento feminista global para acabar com a violência contra jovens meninas e mulheres, vítimas de casos de estupro, agressão física, incesto, mutilação genital feminina, exploração sexual, entre outros.

Em 2001, o "V-DAY" foi eleito pela Worth Magazine uma das 100 Melhores Instituições Beneficentes e, em 2010, reconhecido como uma das mais respeitadas organizações sem fins lucrativos do mundo. O movimento já arrecadou mais de 80 milhões de dólares e atingiu mais de 300 milhões de pessoas no mundo.

 

Serviço

AOS INTERESSADOS


Os convites estão à venda nas lojas Hering Store do Parque Shopping Prudente e no centro, na Rua Siqueira Campos, 622. Os valores são R$ 60 inteira e R$ 30 meia-entrada. O telefone para mais informações é o 3229-1063.
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