Pecuária regional vive melhor momento em 20 anos

“Houve, na verdade, uma adequação do preço quanto ao gasto que o produtor tem para criar o animal", explana.

REGIÃO - Rogério Lopes

Data 04/04/2015
Horário 00:37
 

Um dos melhores momentos nos últimos 20 anos. Esta é a atual situação da pecuária de corte, segundo informa os representantes dos EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Rural), gerências de Presidente Prudente, Dracena e Presidente Venceslau. Juntas, as três unidades – que gerenciam, no total, 48 cidades – somam 6.557.252 milhões de arrobas comercializadas em 2014. Eles esclarecem que, após um período "estável", em que muitos pecuaristas deixaram de investir no setor e até migraram para outras culturas como, por exemplo, a produção de cana-de-açúcar, hoje ocorre um retorno destes pecuaristas e novos investimentos são realizados, fomentando o setor. Conforme pontuam, o preço da comercialização subiu em 20% nos três ciclos de comercialização do boi de corte: os criadores – que vendem os bezerros; os recriadores – que compram o bezerro e os revende na idade de garrote ou boi magro; e, por fim, os confinadores ou engordadores – que compram o garrote e os revende no estado de boi gordo aos frigoríficos.

O preço final do boi para o abate também está em um "bom aspecto", de acordo com os representantes, atingindo o valor de R$ 150. Em contrapartida, os membros dos EDRs dizem que a oferta está menor que a procura, o que "acarreta na falta do animal para o mercado e, com isso, causa o aumento do preço final da carne ao consumidor". No entanto, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carne do Oeste Paulista, Jesuíno Paiva Cavalcante, diz que, pelo que tem observado, "a carne está sobrando nos mercados", devido à crise econômica que o país vivencia. Ele esclarece que, em uma média geral, a carne – englobando as peças de primeira, segunda e cortes especiais – passou de R$ 17 no final de janeiro deste ano para R$ 22, e que os estabelecimentos fazem até promoções para escoar o produto.

 

UDR

O engenheiro agrônomo e vice-presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Almir Guedes Soriano, analisa que, realmente, houve uma recuperação na pecuária de corte e um aquecimento no valor da comercialização dos animais – do bezerro até a fase do abate – que, segundo ele, durante alguns anos permaneceu "estagnado". "Houve, na verdade, uma adequação do preço quanto ao gasto que o produtor tem para criar o animal", explana.

O vice-presidente explica que, futuramente, os valores das negociações deverão ser reajustadas, devido os aumentos da inflação, dos juros e da falta de financiamentos ocasionados pela economia estagnada do Brasil. "Teve um bom índice no preço do setor, mas a crise financeira aumenta os gastos da produção e, desta forma, novos ajustes se fazem necessários", sinaliza.

Devido o "momento complicado da economia", Soriano diz que, reajustando os valores, os preços da carne para o consumidor devem sofrer alterações também.



"Comercialização aquecida"

Segundo o diretor-técnico do EDR de Prudente, João Menezes de Souza Neto, a pecuária de corte passa por uma fase "muito boa", com preços atrativos, e que todos os produtores nos níveis da criação: cria, recria e engorda. "estão ganhando dinheiro" com a comercialização. Ele explica que, atualmente, o bezerro macho é vendido entre R$ 1,2 mil e R$ 1,4 mil e a fêmea, entre R$ 900 e R$ 1,1 mil, dependendo da qualidade do animal.

Além disso, Souza Neto ressalta que o preço da arroba do boi também está "atrativo". Fixado em R$ 150 – conforme divulgação do IEA (Instituto de Economia Agrícola), na quinta-feira – o diretor-técnico diz que o cenário do segmento está "aquecido". Já o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carne do Oeste Paulista cita que o preço da novilha abatida gira em torno de R$ 135.

Em Dracena, o EDR também registra um "bom momento da categoria", confirma o engenheiro agrônomo e assistente agropecuário do escritório, Marcelo Soares de Sena. Ele conta que a falta de oferta existe e, com isso, realmente o preço da carne, no mercado, sofre alterações. Sobre a expectativa dos meses futuros, Sena esclarece que gira de acordo com a política econômica do país, que dita o futuro, não só da categoria, quanto de outros setores da indústria e comércio. Mesmo assim, o representante confirma a situação favorável que os produtores rurais – na pecuária de corte – têm encontrado.

O assistente agropecuário do EDR em Presidente Venceslau, Tácito Garcia Scorza, lembra que o cenário para quem é produtor está "com bons rendimentos", apontando preços significativos para a comercialização do boi. Ele menciona que, assim como os outros dois escritórios da região, o EDR de Venceslau também sentiu o aumento das negociações/vendas dos animais, o que demonstra o retorno do potencial da pecuária de corte.

 

Rebanho regional

Conforme informa os membros dos EDRs, o fechamento do IEA de 2014 apontou que a região possui o seguinte rebanho: no escritório de Presidente Prudente – que abrange 21 cidades – são 543.063 cabeças de gado de corte (desde bezerro ao boi gordo); 80.978 animais de rebanho leiteiro; e 222.607 de gado descrito na categoria mista. Fora isto, a regional registrou 2.406.110 milhões de arrobas comercializadas. Em Dracena – que administra 16 municípios – existe um rebanho de 198.130 bovinos de corte e outras 123.545 cabeças de gado, entre animais de leite e corte (neste grupo de corte, dentro de outros rebanhos, se configura o produtor que não cria um animal especificamente de corte, mas, após o desmame do bezerro, o mesmo pode ser direcionado/vendido para o abatimento). O total de arrobas, de 2014, foi estimado em 1.257.150 milhões.

No EDR de Venceslau – que corresponde a 11 cidades – são 453.326 bovinos de corte; 99.166 de gado de leite; e 195.648 de rebanho misto. Em 2014, a regional atingiu 2.893.992 arrobas comercializadas.  

 
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