Pedintes

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista em ritmo de boas festas

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 22/12/2022
Horário 05:30

Confesso que estou assombrado com o número de pedintes nas ruas de Prudente. Com estes olhos protegidos por Santa Luzia, fui testemunha ocular, sem óculos, de dois casos que me deixaram mais triste do que o Mbappé na derrota para a Argentina.
Primeiro caso: o freguês de um supermercado estacionou seu carro e foi logo abordado por um homem, que devia ter uns 40 anos, por aí. "O senhor poderia me dar R$ 2 para ajudar na compra de comida?", pediu o pobre homem, acrescentando que não tinha dinheiro para comprar nada. 
Atencioso e condoído com o sofrimento do pedinte, o cliente, ato contínuo, enfiou a mão no bolso e deu uma nota de R$ 2 ao solicitante, que não parecia ser morador de rua. Ele ficou feliz da vida e até orientou o seu, digamos, benfeitor quando este deu ré no carro para ir embora, depois de fazer as compras certamente para a ceia de Natal, como é comum nesta época do ano.
Segundo caso: perto de um restaurante de frango assado, nas imediações da Avenida Ana Jacinta, um rapaz andava na calçada e, ao se aproximar de um idoso, levantou as mãos (o famoso gesto "mãos ao alto") e disse ao velho: "Eu não sou ladrão. Apenas preciso de R$ 2. O senhor pode me ajudar?", perguntou o jovem.  "Fique tranquilo. Não vou assaltar o senhor", observando que precisava "juntar um dinheiro para comprar comida". O idoso explicou que estava sem dinheiro. E justificou: "Comprei o frango assado no cartão. Lamento não poder te ajudar", concluiu.
Pois é, assim caminha o Brasil, com mais de 33 milhões de patrícios com pratos e bolsos vazios. A fome ainda é um problema sério neste país de desigualdades sociais assombrosas e inaceitáveis. Ainda bem que há mudanças em andamento e dois caminhões de mudança já foram vistos numa área estratégica.
No mais, boas festas a todos e, abaixo, deixo vocês com o Soneto de Natal, de Machado de Assis
 
Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.
Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
“Mudaria o Natal ou mudei eu?”

DROPS
Quem come com os olhos mata a fome?

O que os olhos não veem o coração desconfia.

É por isso que o Brasil não vai pra frente. Tem gente botando pra quebrar quando deveria botar pra consertar.

Para bom entendedor uma linha basta.

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