Pegadinhas do dia a dia

Roberto Mancuzo

COLUNA - Roberto Mancuzo

Data 12/03/2024
Horário 06:00

Apesar das altas discussões políticas, econômicas ou sociais residirem nas salas e auditórios das universidades, é no dia a dia que sentimos de fato o caldo entrosar, a corda apertar ou até mesmo, se você quiser variar na expressão, o bicho pegar. E hoje quero falar o tanto que me sinto idiota diante de algumas relações de consumo diárias.
Não vou ser bobo de fazer acusações falsas, mas é que enquanto ninguém me explique realmente a razão das coisas serem como são, eu tenho direito de ficar com a pulga atrás da orelha. E olha que isso é bem sobre mim, mas tem uma grande chance também se de ser sobre você. Acontece com todo mundo. 
Vamos aos fatos.
Dias desses, fui ao supermercado aqui perto de casa e peguei um produto. O preço dele era R$ 13,97. Dei R$ 15 e recebi R$ 2 de troco. Certo? Então, e os R$ 0,03 centavos que faltaram? Ah, Mancuzo, deixa de ser chato! Não é isso, é que essa conta está mal explicada para mim. Qual é a jogada? Mostrar um preço menor para incentivar a compra? Pagar menos impostos? Arredondar a contabilidade da empresa? Ainda bem que já não vemos mais com frequência o troco em bala. Como éramos trouxa...
Outra: parei para abastecer o carro no posto e estava na bomba 5. O frentista perguntou se era cartão ou dinheiro. Era cartão. “Então, pode colocar o carro ali na bomba 9, por favor?” Óbvio que veio à mente a pergunta que não queria calar: “Vou pagar mais porque uso o cartão?” É isso mesmo, produção? O posto de gasolina não quer o prejuízo do cartão, não consegue embutir no preço e nem faz uma negociação melhor e dane-se o consumidor? O cliente? Sério mesmo? Vai penalizar quem põe dinheiro ali? Nunca mais volto nesta joça. 
Bem, os exemplos podem ir a milhão e você mesmo deve ter muitas destas histórias. Mas ao contrário de naturalizar esta condição brasileira, de ser sempre o “malandrão” de tudo ou o otário da vez, eu prefiro não me abster e digo com todas as letras que se queremos ser um país melhor, isso precisa começar conosco. É tendo a atitude correta que posso criticar quando algo está errado. Não tem meio termo nessa, assim como não existe meia-ética. 
E para fechar, mais um caso bom: eu de novo no supermercado, a minha segunda casa na semana, passam os produtos e a compra dá R$ 67. Óbvio que pelo valor que as coisas estão, você deve ter percebido que não tinha muita coisa nesta compra. Mas vai lá. Deu R$ 67 e eu paguei com uma nota de R$ 100. A moça do caixa olhou a nota e começou o ritual: esfregou, apertou, olhou contraluz, riscou algo em uma caneta transparente até se convencer e colocar na caixa registradora. 
Perguntei na hora: “Você acha que é falso?”. Ela me disse que não, que “era praxe fazer isso, porque senão a gerência os cobrava”. Hummm, respondi, “Çei!” Mas quando ela me deu o troco de R$ 33, eu peguei nota por nota e fiz o mesmo ritual dela: olhei contraluz, cheirei, lambi, esfreguei na testa e até pedia canetinha para riscar e ver se era falso. A caixa estava quieta e olhou para mim com reprovação. Eu disse: “Ué, o que foi? Se você duvida, eu também duvido. Normal assim”. 

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