Peixes mortos preocupam munícipes em Prudente

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 04/01/2017
Horário 08:45



O Parque Municipal Lagoa dos Patos é uma das principais áreas de lazer da Cohab, em Presidente Prudente, e muito utilizada por aqueles que desejam caminhar ou realizar outras atividades físicas. Mas, segundo os munícipes, não é de hoje que os usuários do espaço reclamam da falta de conservação da área. Agora, um novo cenário surpreendeu a população que o visita: o aparecimento de peixes mortos na superfície da lagoa. A reportagem esteve no local na manhã de ontem e constatou a situação. Embora o número de animais mortos seja pequeno – foram vistos três –, os moradores se preocupam com o que pode ter acarretado o quadro e o que deverá ser feito para impedir que novos peixes morram. Procurada, a Semea (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) enviou uma equipe técnica, ainda ontem, para realizar uma análise no local.

Jornal O Imparcial José Alves, aposentado: "Há algo errado na lagoa"

Para a aposentada Maria Assunção da Silva, 75 anos, que utiliza o parque diariamente para fazer caminhadas, isso é reflexo da falta de cuidado por parte da administração pública. "Se você não cuida da água, os peixes vão acabar morrendo", afirma. Segundo ela, além de desvalorizar o parque, os peixes mortos também podem prejudicar os patos caso sirvam a estes como alimento. O aposentado José Alves da Costa, 75 anos, acredita que existe "algo errado" com a lagoa, tendo em vista que "peixe não morre fácil". Para ele, é preciso que haja mais serviços de preservação da área. O estudante Caio Henrique Pierre Gabriel, 18 anos, também enfatiza a necessidade de adotar medidas que protejam o espaço. "Eu passo aqui todos os dias e nunca vi ninguém cuidando da lagoa", lamenta.

O gerente da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) em Prudente, Luiz Takashi Tanaka, informa que, por se tratar de uma lagoa onde ocorre o represamento de água ou pouca movimentação da mesma, o que pode ter acontecido é a formação de grande quantidade de lodo no fundo do tanque. Uma vez que o lodo é composto de material orgânico que, ao se desprender, consome gás oxigênio, isso pode ter contribuído para a morte dos peixes. Uma das soluções para esse problema seria, segundo ele, dar maior vazão a esse tanque, evitando desta forma que o oxigênio se zere. "É claro que isso se trata de uma suposição. Para ter certeza do que está acontecendo, a análise técnica é necessária. No caso da Cetesb, a companhia pode tomar providências se for concluído que houve lançamento de poluentes na água", explica.

 

Análise


Procurado, o secretário municipal de Meio Ambiente, Wilson Portella Rodrigues, comunicou, no fim da manhã de ontem, que enviaria uma equipe técnica ao local para averiguar a situação. Já no período da tarde, após visita dos profissionais, informou que "as mortes dos peixes se deram por conta do fator de eutrofização da lagoa".

"Isso consiste na modificação das suas propriedades químicas por enriquecimento em nutrientes . Desta forma, o teor de oxigênio dissolvido é reduzido. O local passa por eutrofização de origem natural. As causas ocorrem por variações das condições ambientais, como por exemplo, o transporte de sedimentos", detalha.

Portella complementa que a lagoa está cercada de árvores, principalmente frutíferas, sendo assim, o transporte de folhas, frutos e até resíduos de gramíneas fazem com que esse processo ocorra naturalmente. "Isso acontece constantemente em várias lagoas e lagos do nosso ecossistema", enfatiza.

Entre as medidas para reduzir esse processo de eutrofização, o secretário cita manter a bomba de oxigenação da lagoa ligada por maior período de tempo; recolher com mais frequência as folhas, frutos e restos de gramas entorno da área; e remoção constante dos sedimentos da lagoa. "Outros peixes nativos de nossa bacia hidrográfica serão inseridos na lagoa para repor os perdidos", afirma Portella.

 

 

 
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